Hoje iremos fazer a análise fundamentalista da Senior Solution (SA:SNSL3) focando em um indicador chamado Lucro Caixa (Cash Earnings) onde nada mais é que pegar o lucro líquido reportado e adicionar a este os eventos contábeis que influenciaram negativamente, mas que não tiveram efeito no caixa, por isso que chamam de lucro caixa.
Sabemos que o IR diferido já é descontado do LL, então no lucro caixa você adiciona este valor que foi descontado, pois este benefício fiscal só afeta o valor contábil, e não o caixa da empresa. O mesmo valeria p/ as amortizações de aquisições, que incluem coisas intangíveis, como marcas e licenças.
Eu olhei no press release da TOTVS (SA:TOTS3), mas eles não divulgam esse indicador. Porém no da Linx (SA:LINX3) já incluem. Esse indicador em uma empresa small caps, que vem crescendo por meio de aquisições em um setor de tecnologia, pode ser interessante mesmo de se levar em conta, visto que ela tende a apresentar gastos intangíveis que são puramente contábeis. Mas até que ponto este indicador seria relevante para a análise?
Para isso eu resolvi analisar o que mais gosto em uma empresa, o seu fluxo de caixa. Se a empresa teve um forte crescimento no lucro caixa, mas não no lucro contábil (2017 x 2016), então o caixa gerado pelas operações no fluxo de caixa também deveria mostrar este crescimento.
Fluxo de caixa consolidado 2017:
- O caixa líquido gerado nas atividades operacionais teve uma forte queda, de 34M em 2016, p/ 9M em 2017. Destrinchando o porquê disso, me deparei com um valor de grande discrepância entre estes anos, os salários, encargos e provisões trabalhistas. Em 2016 eles tiveram um resultado positivo (?) de 9,6M, ao passo que em 2017 tiveram um resultado negativo de -4.6M.
- De qualquer forma, o caixa gerado nas operações teve uma queda de 25,8M em 2016 p/ 20,2M em 2017.
- O saldo final em caixa até aumento em 3,6M, mas por conta da redução no caixa destinado a investimentos, que diminuiu de -57M em 2016, p/ -7M em 2017.
Os dados podem ser checados na Plataforma PenseRico aba fluxo de caixa.
Com base nestes cruzamentos de informações, tenho minhas dúvidas se o indicador lucro caixa tem mesmo tanto peso assim em uma análise, visto que pelo menos neste caso, ele não só não conseguiu captar a queda na geração de caixa operacional, como ainda apresentou um valor muito superior. Talvez um modo mais interessante seja dando um peso maior para o resultado operacional frente o lucro líquido, ainda mais tendo em vista que a empresa tem uma situação financeira tranquila.
Desta forma, teríamos – Resultado Operacional:
- 2015 foi de 5,3M
- 2016 foi de 7,3M, crescimento de 38%
- 2017 foi de 11,4M, crescimento de 56%
Isto realmente condiz com um belo crescimento nos últimos anos, e caso a empresa consiga manter estas médias de crescimento, não estaria cara. Porém cabe ressaltar que ao passo que o resultado operacional vem crescente, as despesas financeiras cresceram quase na mesma proporção no último ano, o que reduziu o lucro líquido (pelo segundo ano consecutivo). Pode ser que na medida que a empresa ganhe escala, e as aquisições se consolidem, as despesas financeiras diminuam o impacto negativo no lucro. Mas até lá, a empresa tem apresentado uma boa evolução na receita líquida, porém queda na margem líquida nos últimos 3 anos.