O dinheiro é uma mercadoria. E, como qualquer mercadoria, seu preço é determinado pela oferta e pela demanda. Se há muito dólar circulando, ele fica mais barato. Se há pouco, o preço sobe. E não é diferente com o dólar.
Ano passado, quando o dólar estava em alta, a razão mais evidente era a saída de dólares do Brasil, com investidores internacionais retirando seu dinheiro daqui. E por que isso acontecia? O dinheiro estava sendo redirecionado para mercados onde os juros, em dólar, estavam mais atrativos e com menos risco que o Brasil. O resultado disso? A cotação do dólar subiu com uma oferta reduzida da moeda que partiu em direção a um mercado mais previsível.
Agora, a história é outra. O dólar está perdendo força. Mas o que mudou? O mercado internacional está começando a repensar o papel dos Estados Unidos como o porto seguro inabalável para os investidores.
O dólar, que antes era símbolo de estabilidade, agora enfrenta um momento de perda de confiança. As variáveis que antes davam previsibilidade à moeda agora estão sendo substituídas por um cenário de incertezas. O crescimento da dívida pública, a imposição de tarifas, a ameaça de taxação de fluxo de capitais — tudo isso contribui para um clima de imprevisibilidade. Esse grau de incerteza é algo novo, algo que o mercado não estava esperando, principalmente considerando que o presidente em questão, Donald Trump, já foi presidente antes, mas nunca foi tão imprevisível quanto agora.
E o pior: o governo dos EUA, além de imprevisível, parece perdido. O presidente faz anúncios de tarifas sem especificar cronogramas. Uma tarifa para carros, outra para madeira, depois remédios... A cada dia, uma nova surpresa. O mercado, sem entender o que está acontecendo e com medo do que virá a seguir, perde a confiança.
Ninguém contava com essa variável. E, mais importante ainda, ninguém está entendendo o que está acontecendo. Vai ter tarifa? Não vai? Em qual setor? Em qual país? Qual será o impacto?
Essas perguntas ficam no ar, sem respostas claras, e o mercado detesta essa falta de clareza.
Os investidores, que antes viam os EUA como uma âncora de segurança, agora começam a questionar se não é hora de procurar alternativas. Esse receio, alimentado pela falta de previsibilidade nas políticas do governo, está fazendo com que busquem diversificação em outros mercados. Ao fazer isso, vendem dólares e compram outras moedas, o que derruba ainda mais a cotação da moeda americana.
Tudo tem limite, e parece que o do dólar chegou. Ele está gritando para o presidente: "Pelo amor de Deus, qual o plano? Qual o projeto?"
Talvez o plano seja não ter plano. E o projeto, não ter projeto. O mercado vive de expectativas e, talvez, essas expectativas não sejam alcançadas.