*Com Natalia Dalle Cort
A perspectiva de aumento na demanda pela soja brasileira por compradores da China tende a sustentar os preços do óleo e do biodiesel no mercado doméstico.
O óleo de soja é a principal matéria-prima utilizada na fabricação de biodiesel e responde 75pc dos insumos, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(ANP).
Agentes do mercado acreditam que a China aumentará as compras de soja brasileira para evitar a dependência do produto dos Estados Unidos, como resultado das tarifas retaliatórias impostas pelo país asiático após o governo de Donald Trump.
O mercado chinês costuma intensificar as compras de soja dos EUA entre os meses de novembro e janeiro. Com o conflito comercial entre os dois países, a expectativa é de que compradores da China se antecipem nas aquisições da commodity no Brasil nos próximos meses. O fim da safra brasileira deve acontecer entre o fim de maio e o início de junho, após um atraso no plantio e na colheita.
Do lado da oferta, a expectativa é de que a colheita de soja do Brasil some 169 milhões de toneladas (t) no ciclo 2024-25, de acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) divulgadas em abril. Do volume total, a expectativa é de que as exportações somem 105 milhões de t, enquanto 57 milhões de t devem ser destinados ao esmagamento.
Na safra anterior, o Brasil produziu 154 milhões de t de soja. Deste volume, 104 milhões de t foram exportados e outros 54 milhões de t destinados ao esmagamento, segundo o USDA.
A China deve importar cerca de 109 milhões de t neste ciclo, também de acordo com projeções do USDA. No ano passado, foram 112 milhões de t, das quais 27,2 milhões de t vindas dos EUA.
Produtores brasileiros podem exigir preços mais altos pela soja, uma vez que nenhum outro país é capaz de oferecer o grão na quantidade demandada pelos chineses.
A Argentina, outro importante produtor da commodity, também pode atrair a demanda chinesa, embora com menor potencial produtivo. O país enfrentou problemas climáticos que prejudicaram a safra atual, estimada em 49 milhões de t pelo USDA.
O volume das exportações brasileiras de soja no primeiro trimestre deste ano aumentou 0,5pc em comparação ao mesmo período em 2024, totalizando 22,2 milhões de t, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apesar do atraso da colheita, que reduziu os embarques de soja em janeiro e fevereiro.
As embarcações de soja do Brasil para a China atingiram 14,7 milhões de t em março, um recorde para o mês. A margem de esmagamento na China segue positiva e a expectativa é de um fluxo amplo em 2025, podendo alcançar o maior volume da série histórica, segundo participantes do mercado. Em 2023, o Brasil exportou um volume recorde de 101,8 milhões de t.