O humor dos mercados oscilou fortemente nos últimos meses, mas, por ora, os investidores parecem respirar aliviados, conforme indicam os dados de desempenho acumulado no ano até o fechamento da última sexta-feira (16 de maio), com base em ETFs que acompanham as principais classes de ativos globais.
As ações estrangeiras de países desenvolvidos, com exceção dos EUA, seguem liderando os ganhos em 2025. O ETF Vanguard FTSE Developed Markets Index Fund (NYSE:VEA) acumula alta de 14,5% no ano — desempenho que se destaca frente aos demais ativos.
Os papéis americanos também se recuperaram e já não operam mais no negativo, embora permaneçam como a classe de pior desempenho até agora. O Vanguard Total US Stock Market ETF (NYSE:VTI) registra valorização modesta de 1,3%.
Ainda que o avanço seja limitado, trata-se de uma forte reversão em relação a abril, quando o ETF chegou a acumular queda superior a 15% no ano (linha azul no gráfico abaixo).
O Global Market Index (GMI), uma carteira teórica que agrega as principais classes de ativos globais (exceto caixa) ponderadas por valor de mercado via ETFs, acumula alta de 4,3% no período. O GMI é amplamente utilizado como referência para estratégias de portfólio com alocação diversificada entre ativos.
A recuperação nos preços sugere que os investidores passaram a ver o risco tarifário com menor apreensão — fator que havia deflagrado a recente onda vendedora. Ainda assim, o cenário permanece indefinido: o desfecho da guerra comercial segue em aberto. A suspensão das tarifas é provisória, e as negociações até agora têm gerado resultados inconsistentes.
Enquanto isso, os mercados devem acompanhar de perto os desdobramentos do rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s, anunciado na sexta-feira. A decisão da agência foi motivada pela deterioração fiscal do país e pela dificuldade de o Congresso conter o avanço dos gastos. A proposta orçamentária republicana aprovada no domingo à noite pelo Comitê de Orçamento da Câmara reforça esse diagnóstico, ao não prever redução do déficit, mas sim uma expansão de quase US$ 3 trilhões no saldo negativo até 2034, segundo o Wall Street Journal.
“O que a Moody’s está vendo, de forma direta, é que a dívida crescente não está sendo tratada”, avaliou George Lagarias, economista-chefe da Forvis Mazars, consultoria especializada em tributos e contabilidade. “O megaprojeto de lei dos republicanos também está contribuindo para a alta nos rendimentos.”