O mercado financeiro está nervoso e mantem uma alta volatilidade com respostas imediatas às indicações mistas do governo Donald Trump sobre uma possível convergência, ou não, nas negociações de tarifas com a China.
Trump ter mencionado um “acordo” sobre tarifas no setor automotivo e depois mudar a história, assim como a prisão da CFO de uma empresa chinesa no Canadá a pedido da justiça americana, contribuíram para a turbulência do sentimento dos investidores.
Nem a crença de menos ajustes dos juros dos Estados Unidos, que devem subir em dezembro, ajudou as bolsas. O S&P500, Dow Jones e Nasdaq cederam mais de 4% em uma semana, enquanto na Europa e Ásia caíram entre 2% e 3%.
O índice do dólar perdeu força no cenário acima, escorregando mais na sexta-feira após a criação dos postos de trabalhos ter frustrado a expectativa. O índice CRB de commodities recuperou liderado pelos ganhos das matérias-primas energéticas, tendo o petróleo reagido com alta após confirmação da OPEP e da Rússia em mais cortes de produção.
O café afundou acumulando cinco semanas consecutivas de queda em Nova Iorque, não conseguido fechar em alta nem mesmo no último dia da semana, quando a grande maioria das commodities subiram.
Tecnicamente os fundos se animam em montar uma posição vendida diante de tamanha fraqueza, muito embora os diferenciais dão sinais do movimento estar sendo exagerado. O Real brasileiro voltando a trabalhar acima de 3.90 causa desconforto para quem cogita montar uma estratégia de alta, ainda mais quando se houve de alguns economistas o risco da moeda voltar para cima dos 4.00 influenciado pelo risco macroeconômico.
O robusta faz movimento muito similar, este talvez respondendo pela colheita no Vietnã já ter alcançado três-quartos e os agentes apostarem em uma pressão continua de venda em qualquer tentativa de puxada do terminal.
Mantendo o andar da carruagem, e assumindo mais vendas de especuladores na segunda-feira estimuladas pelo fechamento negativo, muitos traders já preparam suas malas para viajar durante o período de festas e outros aproveitam para comprarem o flat-price – aguardando uma oportunidade de colocar diferencias melhores no livro quando (e se) a bolsa subir.
Nas origens o ar é de desolamento entre os que estão colhendo e precisam comercializar suas safras. O fluxo em Honduras vai melhorando e o pico via coincidir com o fim do ano, já na Colômbia os produtores retraem suas ofertas dada a proximidade dos preços praticados com o nível do subsídio – preço mínimo garantido.
Diversos técnicos e especialistas estão viajando pelo cinturão produtor no Brasil para então divulgarem suas estimativas para a safra 2019/2020. O conilon está promissor, com bastante fotos circulando de cafezais carregadíssimos. Já para o arábica a expectativa de uma safra menor também é certa, a dúvida é quão menor. Se for um ciclo produtivo de baixa com uma colheita 10% menor, Nova Iorque vai encontrar dificuldade de ir acima de US$ 120 centavos, entretanto alguns analistas vêem um potencial da safra ser até 20% menor (arábica), o que se virar consenso deve fazer os preços encontrarem um patamar mais elevado.
Os humores no jantar do Green Coffee Association, ocorrido sexta-feira na tradicional Pine Street em Manhattan, não estavam dos melhores. O ano foi para lá de difícil para as mesas de diferenciais e também as proprietárias, e se engana quem acha que a indústria torrefadora está satisfeita com o que está acontecendo, pois além de ser mais difícil trabalhar põe em risco o abastecimento no longo-prazo.
Tem mais duas semanas para os escritórios começarem a ficar mais esvaziadas e até lá teremos uma ideia melhor do que se espera de produção para a maior origem.
No momento o único fator positivo é todo mundo estar baixista acreditando que o mercado fará novas mínimas.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.