Em abril, as cotações de trigo registraram valores inferiores aos de março, mas, ainda assim, as importações do grão se mantiveram firmes, mesmo com o preço médio do cereal elevado no mercado externo e, inclusive, superior às médias estaduais levantadas pelo Cepea. Em abril, o preço do trigo importado atingiu o maior patamar desde outubro de 2018, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Esse cenário se deve à perda da qualidade da produção nacional de 2018.
No entanto, no mercado nacional, as cotações seguiram em queda, devido à baixa liquidez – mesmo assim, os maiores valores pagos ao cereal importado não influenciaram com intensidade os preços internos. No acumulado do mês, o preço balcão (valor pago ao produtor), recuou 0,7% no Rio Grande do Sul, 0,4%, no Paraná e 0,3%, em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores recuaram 1,5% em São Paulo, 1%, em Santa Catarina, 0,9%, no Paraná e 0,7%, no Rio Grande do Sul.
Com relação aos trabalhos de campo, no Paraná, segundo dados do Deral/Seab, até o dia 29 de abril, haviam sido implantadas 11% da área de trigo. Destas lavouras, 70% estão em germinação e 30%, em desenvolvimento vegetativo.
Já no Rio Grande do Sul, as atividades no campo ainda não começaram, mas produtores se atentam ao preparo do solo, realizando recuperação de algumas áreas que apresentaram déficit após os cultivos de soja e milho. Além disso, produtores gaúchos aguardam o período ideal para darem início ao semeio da temporada 2019/20.
Na Argentina, o cenário é parecido. Informações da Bolsa de Rosário apontam que o maior volume de chuvas previsto para as regiões central e norte do país no próximo mês deve favorecer o cultivo do trigo.
Quanto aos Estados Unidos, as condições climáticas também são favoráveis ao cultivo do grão. O USDA aponta que, até o dia 29 de abril, 15% das lavouras do trigo de inverno apresentavam condições excelentes, 77%, boas, 6%, ruins e 2%, muito ruins. Quanto ao semeio do cereal de primavera, atingiu 13% da área total.
DERIVADOS – Em relação ao mercado de derivados, a demanda foi um pouco maior frente ao mês anterior. Desta forma, os preços da maioria dos segmentos avançaram. Alguns moinhos, no entanto, reportam que ainda detêm matéria-prima suficiente para processamento, cenário que limitou as altas. Quanto aos farelos, a baixa necessidade de compra por parte da indústria de ração animal e a melhor condição de pastagem continuaram pressionando as cotações.
Os preços das farinhas para massas frescas, massas em geral, pré-mistura, bolacha doce, panificação e bolacha salgada subiram 2,86%, 0,18%, 1,44%, 1,10%, 0,92% e 0,67%, respectivamente. Já para a farinha integral, houve desvalorização de 0,40%. Quanto aos farelos, ambos registraram recuos nos preços: de 3,08% para o a granel e de 0,24% para o ensacado.
INTERNACIONAL – O preço externo do cereal recuou, tanto na entrega futura quanto imediata, devido à baixa demanda do grão estadunidense e à maior oferta de trigo da América do Sul. Na Argentina, os valores FOB no porto de Buenos Aires caíram 0,5% correr de abril, a US$ 219,00/tonelada, conforme dados do Ministério da Agroindústria.
Quanto aos preços futuros norte-americanos, o fechamento mensal do trigo Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago (CME Group), com vencimento em maio/19, teve recuo de 8,6%, a US$ 4,5055/bushel (US$ 165,55/t). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter se desvalorizou 10,2%, a US$ 3,8625/bushel (US$ 141,92/t).
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – Em abril, chegaram aos portos brasileiros 618,78 mil toneladas, segundo dados da Secex. Do total adquirido, 81,8% vieram da Argentina, 5,7%, do Paraguai, 4,2%, do Canadá e Estados Unidos e 4,1% do Uruguai. Na parcial do ano-safra (entre agosto/18 e abril/19), as importações somam 5,37 milhões de toneladas, contra 4,65 milhões de toneladas no período anterior (de agosto/17 a abril/18).
Já as exportações perderam ritmo em abril. Os embarques nacionais de trigo quase que zeraram, com queda de expressivos 98,6% de março para abril, somando apenas 1,75 mil toneladas, de acordo com dados da Secex. Ainda assim, no acumulado do ano-safra, foram embarcadas 588,71 mil toneladas de trigo, acima das 207,6 mil toneladas no mesmo período da temporada anterior. Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional aumentaram 5,9% frente a março/19, somando 30,5 mil toneladas. Já as vendas para o mercado externo fecharam 31,1% inferiores no comparativo com março, totalizando apenas 328 toneladas.