O mercado de açúcar em NY fechou a semana em queda alcançando novas mínimas de no primeiro vencimento maio/2013 (17,56 centavos de dólar por libra-peso) encerrando a semana em 17,66 centavos de dólar por libra-peso.
A queda na curta semana devido ao feriado de sexta foi de 54 pontos (11,90 dólares por tonelada) no maio/2013 e variações de 12 a 51 pontos ao longo da curva de preços.
Os baixistas se animam com novas quedas alimentadas principalmente pelo derretimento do mercado de grãos que acabou respingando em todas as commodities, inclusive o açúcar. Trigo, milho, soja e aveia caíram mais de 4% na sexta-feira.
Não podemos descartar que como o pregão foi o ultimo do trimestre, alguns fundos certamente tiveram que zerar seus livros e ajusta-los para o trimestre seguinte, tomando lucros e cortando perdas. É razoável esperar que segunda feira o mercado abra com alta.
O Banco Central do Brasil sinalizou que o governo deve dar novo aumento de 5% nos preços da gasolina. Caso isso ocorra, a paridade com o etanol sobe mais o que deixa o açúcar a 17,50 centavos de dólar por libra-peso uma excelente oportunidade de compra, ou pelo menos, num nível arriscado para quem pretende fazer novas vendas na bolsa nesses níveis.
Há um ano o contrato com vencimento maio/2013 negociava a 24,35 centavos de dólar por libra-peso, perto da máxima do contrato que atingiu 24,75. De lá para cá esse vencimento teve uma queda de 27,5%.
Mesmo se utilizar instrumentos financeiros como o NDF de açúcar em reais, modalidade oferecida por alguns bancos que propiciam às usinas a fixação de seus açúcares no mercado de NY convertidos em reais por saca, os próximos três vencimentos maio, julho e outubro de 2013 trazem um retorno líquido pífio demais.
O custo e carrego do açúcar de julho/13 a outubro/13 e o do outubro/13 ao março/14 refletem uma taxa anualizada de 10,5% e 12,4% baseando-se na cotação de fechamento desses vencimentos. Independentemente dos fundamentos naqueles vencimentos, seja por oferta maior por parte de países produtores que competem com o Brasil, o fato é que uma taxa dessa magnitude atrai o recebimento de açúcar para julho, levando-nos a crer que esses spreads estão muito interessantes para a compra.
Receber açúcar em julho/2013 a 17,70 centavos de dólar por libra-peso e revende-lo em março/2014 por 19,05 são 135 pontos de diferença (11,66% anualizados).
Enquanto em 2005 o Brasil produzia 16 bilhões de litros de etanol, os Estados Unidos chegavam a uma produção de 14 bilhões de litros. O então presidente George W.Bush determinou prazos para que o volume de produção de etanol fosse aumentado para que o país dependesse menos de combustíveis fósseis.
No ano seguinte, capitaneados pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets, uma comissão foi formada para traçar um programa detalhado a ser colocado em prática com metas que se estendiam até próximo de 2060 (uau !!!). Este ano, o Brasil vai produzir 27,436 bilhões de litros de etanol, segundo estimativa da Archer Consulting, enquanto os Estados Unidos devem produzir 56,354 bilhões de litros de etanol de milho, segundo a Renewable Fuels Association. Em oito anos, crescemos 7% ao ano e nossos irmãos do norte cresceram 19%.
Pode se levantar bandeiras aqui dizendo que tudo isso foi alcançado com enormes subsídios dados aos produtores de milho. Lembro-me de uma edição da revista The Economist estampando na capa o titulo “O fim da comida barata”.
Uma alusão aos efeitos nocivos que a alta do petróleo trazia ao milho que se destinava à produção de etanol em meio ao descontentamento dos produtores de frango e gado que usam o produto como ração e das indústrias alimentícias. O fato é que os Estados Unidos planejaram e executaram.
Todos se lembram do furor do primeiro Ethanol Summit no Brasil quando Lula arvorou-se em dizer que o Brasil era a Arábia Saudita do etanol. No Brasil, essa classe chamada de política, é boa mesmo de oba-oba. Planejamento é algo muito enfadonho e não angaria votos. E execução depende de gente competente.
Muitos empresários pularam de cabeça nesse delírio do então presidente, momento em que – como disséramos aqui em outros comentários – deu-se mais importância aos projetos mirabolantes e inconsistentes com Power Point coloridos do que as planilhas racionais de Excel. Quantos empresários investiram o que tinham e o que não tinham para expandir suas usinas ou mesmo para construir novas unidades? O final da história é triste porque hoje, das 400 usinas que o Brasil possui mais de 70 em situação financeira deplorável em função do oba-oba de gente irresponsável como o citado então presidente.
Lula deu uma rasteira no setor assim que descobriu o tal de Pré-Sal, talvez já se imaginando com o mesmo poder totalitário do seu guru Chavez, afundando a Petrobrás em prospecções secas e dilapidando o valor da empresa que só no último ano perdeu quase 25% do seu valor.
Quando finalmente conseguimos derrubar as barreiras alfandegárias americanas contra a importação de etanol brasileiro, graças ao excelente trabalho promovido pela UNICA, na gestão de Marcos Jank, vimo-nos na situação de importadores de etanol de milho dos Estados Unidos motivados pela queda de produção de cana por dois anos seguidos.
Ou seja, o setor se esforça para se inovar, trabalha com afinco para superar as adversidades, mas conta com a incompetência e interferência nociva do governo e com a árdua tarefa de ter como interlocutores, gente desqualificada que não conhece o funcionamento básico do mercado de commodities. Como é que alguma empresa pode se aventurar a colocar mais dinheiro num setor cujo destino pode estar numa canetada de uma presidente ciclotímica, de um ministro da fazenda incompetente que prevê crescimento de 4,5% do PIB e entrega 0,9% ou de um ministro da energia que chama lâmpada de lâmpida (sic). Haja paciência.