NY fechou a semana com alta generalizada entre 24 e 51 pontos, equivalentes a 5 e 11 dólares por tonelada respectivamente. Houve melhora substancial nos vencimentos de outubro/2013 em diante, podendo antecipar que algum equilíbrio da oferta e demanda mundial comece a ocorrer a partir de então.
A curva de preços apresenta algumas distorções interessantes em termos de possibilidades de arbitragens, sujeitas à liquidez do mercado. Tomando o fechamento de outubro/2013 e março/2014 eles refletem uma taxa de desconto de 11,6% ao ano, parece ser uma aposta agradável. Julho/outubro está em 10,8%. Um prognóstico de que os spreads vão estreitar?
O mercado de açúcar em NY parece estar preso num limitadíssimo intervalo de preços. Se por um lado, abaixo de 18 centavos de dólar por libra-peso começa a aparecer interesse de compra nos futuros, acima de 18,50 centavos de dólar por libra-peso surgem os retardatários possuidores de posições a serem fixadas contra seus contratos comerciais, que entram vendendo.
Nas últimas vinte sessões, o intervalo entre a mínima e a máxima do mercado foi de ridículos 115 pontos (25 dólares por tonelada). Sabe quando foi a última vez que isso aconteceu? Em fevereiro de 2009. Depois dessa fase sonífera, em maio seguinte o mercado subiu 300 pontos.
Mercados apáticos tendem a quebrar e estressar para algum lado depois de um período aborrecido. Para que lado será que o mercado vai nos próximos 300 pontos, hein? Uma consultoria estrangeira fora das commodities, mas com participação global em outros mercados, informa aos seus clientes em comunicado especial que o mercado de açúcar deve chegar aos 15 centavos de dólar por libra-peso este ano, se recuperando não antes de 2014. Convenhamos, peitudo.
Em termos relativos, a variação dos últimos 20 dias representa pouco mais de 6% do valor médio do açúcar. Ou seja, a diferença entre a mínima e a máxima de um período de 20 pregões dividida pelo valor médio do fechamento do mesmo período, representa pouco mais de 6%. Para se ter uma ideia de como esse percentual é baixo, a média anual é de 11,67%. E desde dezembro de 2007 não vimos nada tão baixo. Tanto em termos relativos quanto em termos absolutos, quando o mercado quebrou a quietude, ele o fez para cima.
Mas não se engane, pois os fundamentos continuam os mesmos de ontem por essas horas. E como ocorre com qualquer commodity, estresses geralmente são acionados por mudanças substanciais na oferta e demanda ou em situações exógenas cuja magnitude provoca corrida de que está do lado errado do mercado. Clima, congestionamento nos portos, atraso no início de safra, mudanças na macroeconomia, pegue um. Os fundos estão agora 104,000 lotes vendidos, imagine o que isso pode fazer com o mercado se uma fumacinha aparecer em algum lugar.
Os consumidores industriais de açúcar podem estar vivendo uma oportunidade excelente de se posicionar ao longo da curva, não se esquecendo de olhar o binômio bolsa-dólar. Várias instituições financeiras oferecem proteção em reais por saca ao longo da curva de NY. Pode ser interessante.
A matéria de capa da revista Exame, de 20 de fevereiro, chama a atenção de como o governo brasileiro “usa a Petrobrás para resolver os problemas do país, destruindo a maior empresa do Brasil”. Entre as sugestões listadas pela publicação, estão um reajuste de 15% no preço dos combustíveis, que eliminaria o prejuízo que a empresa tem entre o preço que paga pela importação e o de venda às distribuidoras; e a utilização de mais etanol na mistura. Os dez anos do lula-petismo foram suficientes para colocar a empresa na posição de pior entre as grandes petrolíferas do mundo. É claro que o eleitor dessa turma nem sabe disso.
Além dessa verdadeira receita de como destruir uma empresa saudável, a irresponsabilidade do governo expande seus tentáculos em outras áreas. A manutenção de preços artificialmente baixos da gasolina fez com que a empresa gastasse 33 bilhões de reais com os subsídios até 2012, segundo a Exame. Além disso, pelo modelo da Archer Consulting, o Brasil pode perder nos próximos 4 anos pela falta de competitividade do etanol um consumo potencial de 28 bilhões de litros de hidratado, substituindo-o por mais de 24 bilhões de litros de gasolina A e 8 bilhões de anidro na mistura, ou seja, um impacto líquido de 21 bilhões de litros equivalente de combustível verde, sem levar em considerações as questões de saúde pública.
A volatilidade histórica do mercado nos últimos 50 dias caiu para 20,71% (era 28,27% no final de dezembro). A volatilidade de 100 dias caiu para 24,69% (era 26,74%) e a de 200 26,41% (era 27,46%).
Tenham todos uma excelente semana com muitos negócios.