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2016 – Mais do Mesmo, ou a Continuação do Novo Normal

Publicado 07.01.2016, 09:24
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Olá a todo o mundo! É com prazer que analisamos as perspectivas para o novo ano, sem nunca nos perdermos no exercício de fazer adivinhação sobre o que quer que seja, porque sempre ocorre alguma coisa que acaba por mudar, nem que seja um pouco, as realidades que pensávamos anteriormente terem uma margem segura de concretização. Nunca assim é, nunca foi ou será.

Ainda assim, vale uma ressalva. O ano que passou foi dos mais “fáceis” de prever e muito do que pensávamos possível, acabou por se concretizar. Afinal, já muitos problemas vinham de trás, não sendo por isso motivo de admiração a crise dos preços das matérias-primas, as consequências em muitos mercados emergentes, como recessões várias, o agravamento do terrorismo, a força do USD, o que ocorre por via do diferencial entre políticas monetárias. Fatos que provam que nada de novo ocorre nos mercados e que a história pode sempre repetir-se, embora com contornos diferentes. Surpresas maiores foram a aparente calma da Ucrânia, a quantidade de refugiados na Europa (não a sua vinda), a reviravolta Grega ou fenômenos como a queda brutal das energias ou de certas divisas – não a sua ocorrência, mas a amplitude dos fenômenos, o que prova que as tendências podem ser mais prolongadas e mais acentuadas do que esperamos.

Ao entrarmos em 2016, temos a continuação de algo bem claro nos últimos meses. Combate ao chamado perigo deflacionista, agora mais centrado nas maiores economias do mundo, exceto a maior delas – EUA já em contra ciclo. Temos assistido a um alinhamento (ou será realinhamento?) de muitos ativos com o chamado novo normal, ou seja, juros e inflação em baixa, crescimento econômico incipiente, lucros da esfera empresarial em crescimento anêmico, ativos (várias classes) considerados de menor risco com valorizações bem inferiores às que havíamos assistido no passado recente – o chamado “novo normal”.

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Esse conceito foi trazido aos escaparates há poucos anos pelo famoso Bill Gross, então na PIMCO, empresa do universo Allianz (DE:ALVG), baseada em Orange County e que foi durante muitos anos a maior gestora de fundos Obrigacionistas do mundo. O novo “normal” da economia e da esfera financeira global relacionava-se com a teoria de baixos retornos tanto da economia real quanto da esfera financeira, ou pelo menos dos seus principais ativos, os mais conhecidos, com maior liquidez. Confesso que o conceito começava a fazer sentido à medida que os anos passavam e que os efeitos da crise do sub-prime teimavam em se manter pelo mundo. Sabemos hoje que essa foi mais uma bolha, embora mais intensa do que outras do passado recente, mas não foi a última. Entretanto, como sabemos, tivemos mais crises, como, por exemplo, a das dívidas dos PIIGS (termo que, entretanto, caiu em desuso). Umas atrás das outras, mas, sempre com algum tipo de relação causa / efeito entre elas.

A verdade é que nenhuma destas crises está verdadeiramente sanada: a esfera financeira global continua tão alavancada como antes. As dívidas públicas, salvo honrosas exceções, batem recordes após recordes em todo o lado. As dívidas privadas continuam em alta e as emissões de “junk bonds”, embora em desaceleração, continuam a ser efetuadas. Este mundo alavancado, de Oriente a Ocidente, continua não só a não resolver os pressupostos da fragilidade sistêmica que contribuiu para a ocorrência de crises, como segue plantando as sementes do próximo choque financeiro – e ainda estamos numa fase de tentativa de cura dos males, como se vê na questão da banca da zona Euro, onde os “players” são obrigados a maiores exigências de capital sob pena de serem “resolvidos” ou simplesmente absorvidos.

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Dir-se-á então que não há possibilidade de fuga ao novo “normal”. Há já quem diga que o novo normal é medíocre. Somando os dois conceitos, prefiro então falar em “novo medíocre”. Algo que, infelizmente, acabará por ser normal enquanto se mantiverem condições de elevado estresse financeiro e crescimento econômico abaixo do potencial ou, se preferirem, abaixo daquilo que seria antigamente considerado normal, quer para os países desenvolvidos, quer para os países em processo acelerado de crescimento. Neste particular, a China é a questão mais problemática para 2016. Mesmo sustentando crescimentos maiores do que a média global, a desaceleração desse crescimento implica em menor crescimento global, o que não ajuda as outras grandes potências e acaba por dar maior relevo à questão da tendência deflacionista.

O “novo medíocre” é exatamente algo que temos sobre a mesa e que “obriga” os grandes blocos econômicos às chamadas medidas de estímulo, as quais pouco estímulo trazem, à exceção de interessantes valorizações nalguns ativos. A ideia de criar crescimento e inflação por essa via não foi tão malsucedida assim nos EUA, mas parece não ter o mesmo efeito na Europa. Seja como for, sinais preocupantes de há um ano continuam de pé em todos os “tabuleiros”. Há um ano, referia-me ao facto dos EUA poderem adiar subidas das taxas de juro. Contra ventos e marés, isso ocorreu até à beira do fim do ano, mas não foi uma surpresa. Desde logo porque subidas de juros norte-americanos em tempo de valorização do dólar (neste caso, duas coisas que se relacionam) significam muitas vezes problemas para os chamados mercados emergentes (como no início dos anos oitenta), devido à fuga de capitais da periferia para o centro. Por outro lado, esse adiamento foi-se justificando com a própria política (inversa) dos principais Bancos Centrais, como todos sabemos.

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Além disso, a esfera geopolítica assistiu a explodir de tensões latentes: a Rússia entrou em força no Médio Oriente, a França, atacada diretamente pelo terrorismo caseiro, foi empurrada para os conflitos no próximo e no médio oriente, enquanto EUA e Reino Unido também se envolvem, embora sem a convicção de outros tempos até porque as suas opiniões públicas ainda têm memória da intervenção no Iraque. A Europa, internamente, assistiu à crise dos refugiados, tema que só se agrava e que pode trazer consequências políticas e até uma certa crise de confiança. Ainda não é completamente visível o leque de consequências políticas, econômicas e sociais que a crise dos refugiados vai provocar. Mas é certo que as vai provocar.

A Oriente, a preocupação deixou de ser a desvalorização do iene Japonês face às divisas dos vizinhos, mas sim a crise da China. Como vimos acima, parece uma contradição falar em crise num país que, em poucos anos, se transformou na segunda maior economia mundial e que ainda cresce muito acima da média global. Acontece que os mercados globais se configuraram em torno desse crescimento brutal, antecipando a sua manutenção por largos anos, sendo que havia a expetativa de ultrapassar os próprios EUA. Com a “travagem” desse crescimento, sofre a economia global, com amplo destaque para as nações dependentes das exportações de todo o tipo de “commodities”. Não é surpresa alguma a forte contração dos restantes BRIC. Ainda assim, há uma grande nação a despertar e que pode ser uma surpresa pela positiva em 2016 – trata-se da Índia, que tem dado indicadores muito positivos. Vamos ver se os consegue sustentar.

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Com todas estas condições, com toda essa incerteza, assistimos a reações extremas nos principais mercados, como as valorizações do mercado Obrigacionista Europeu. Além do fator QE, que todos anteciparam, temos uma efetiva fuga para a qualidade. O medo é grande, senão não teríamos os títulos soberanos Suíços até ao prazo de 10 anos com “yields” negativas.

O mesmo se passa em relação a outros títulos da velha Europa, rendimento negativo em prazos até dois ou três anos, nalguns casos até cinco anos. Antigamente, falava-se nos “bond vigilantes”. Hoje, a realidade mostra que esse conceito ainda é válido. Há um ano atrás, a questão seria: que lucro pode dar o investimento no título alemão a 10 anos quando ele rende apenas 0.49% ao ano? Hoje a resposta é clara: não rende assim tanto, mas dá segurança. Trata-se apenas de parquear em segurança o excesso de liquidez que não queremos ver alocada a ativos de risco.

E se os mercados acionistas, após valorizações mais modestas do que no passado recente, continuarem o realinhamento pela nova realidade medíocre, o seu potencial de valorização será em 2016 mais baixo ainda. Nesse caso, poderemos assistir a situações antes consideradas aberratórias. Juros negativos em toda a linha, até em ativos mais “duvidosos” como dívidas soberanas de países altamente endividados. Claro que há exceções muito honrosas.

O Reino Unido e os Estados Unidos, cujas moedas são consideradas fortes no mercado, não sofrem do mesmo mal. Mas, no caso dos EUA, poderemos assistir a uma boa valorização dos títulos do Tesouro, sem que isso implique juros negativos nos prazos mais longos. Basta que Wall Street não esteja a “render” o que os investidores esperam. Nesse caso, também as “commodities” continuariam a sua tendência de longo prazo, sem grandes expetativas de inversão de tendência. Até porque a nossa querida Terra, além de muita liquidez financeira, tem também um excesso de oferta de produção de tudo (uma coisa leva a outra, como vimos em aos anteriores, bastando lembrar a péssima alocação de investimentos, como se viu na produção de petróleo).

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Portanto, muito endividamento apesar de juros baixos, muita produção de bens e serviços para tão pouco consumo – mau grado os programas de estímulo e o aumento da população mundial – só pode levar a este estado de crescimento anêmico, quase depressivo, mais uma vez, mediocridade durante muito tempo.

Em termos de mercados, é complicado antever ganhos em ativos de risco. O próprio mercado acionista não está muito apetecível, embora alguns setores ou certas empresas possam se destacar pela positiva, como sempre acontece. Em 2015, os mercados norte-americanos ficaram na linha de água, os emergentes estiveram mais fracos e a Europa da moeda única nem foi tão má – destaque-se, a Bolsa de Dublin, a refletir o regresso do tigre Celta.

No mercado cambial, mais uma vez, procuramos por momentos de visibilidade. O mercado é feito de percepções, que nem sempre têm a ver com a realidade. A possibilidade de subida dos juros básicos nos EUA tem levado a valorizações do USD desde 2014 – essa tendência será posta em causa somente se a Reserva Federal alterar o seu viés de alta de juros. Mesmo que essa alta não seja nada de especial, a ameaça de subida de juros “per si” é suficiente para ancorar o USD vis à vis as principais moedas, situação que, além do mais, contribui fortemente para desinvestimentos noutras partes do mundo, favorecendo os ativos norte-americanos. A força do USD sé se deverá inverter quando for claro que os juros não vão mais subir e quando a renda fixa “render” menos do que no presente. Isso sinalizaria um cenário de forte aversão ao risco, beneficiando, em última análise o JPY. Tal como no ano passado se assistiu a um aumento da volatilidade, teremos seguramente a continuação desse pressuposto. Há sempre um grande conflito entre a apetência pelo risco e a aversão ao risco. Quando esse conflito se torna mais intenso, aumenta a volatilidade. Isso parece ser o caso no novo ano. O ano que passou ainda foi lucrativo para quem ficou com DAX ou SPX ou mesmo só o dólar. 2016 promete ser mais complexo, pelo menos é o que parece à entrada do ano.

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