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Um Presente de Natal para o Mercado

Publicado 07.11.2018, 09:15
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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O ano era 2008 e o Natal se aproximava. Eu ainda era pequeno, mas nem tanto. Estava entrando na pré-adolescência – ou “aborrescência”, como meus pais chamavam. A vida era gostosa e a rotina era de esportes, atividades escolares e videogame. O Playstation 3 chegava aos poucos no Brasil e era objeto de desejo de qualquer moleque. A sensação do momento.

Já desacreditado do tal do papai Noel, fui direto aos meus pais: de Natal, quero o Play 3! De resposta, um “talvez, filho”, “vamos ver”. No dia 25, meus pais me acordaram. Em suas mãos, um presente bem diferente do meu pedido. Ganhei uma raquete e bolinhas de ping-pong novinhas.

Pode até parecer uma decepção, mas foi um dos melhores presentes que já recebi. Na época, jogava tênis de mesa todo recreio na escola. A raquete lá era horrível e a bolinha praticamente oval. Com as novidades de Natal, fui muito feliz no ano seguinte.

Não recebi o presente dos sonhos, mas recebi algo de muito valor. No fim de 2009, pudemos comprar um Playstation 3 por um preço mais em conta.

O ano é 2018. O mercado de valores brasileiro passa por um grande rali, já que a recente conjuntura política injetou uma boa dose de otimismo nos investidores, principalmente os locais. O mês de outubro bateu o recorde histórico de média diária negociada, chegando a R$ 13,3 bilhões, e o Ibovespa alcançou o segundo melhor desempenho mensal neste ano, acumulando alta de 10,19%.

Nessa semana, o índice vem flertando com os 90 mil pontos e muitos analistas acreditam que ainda há muito espaço para a alta no mercado de ações. O novo cenário para a economia, dado pela vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, possibilita vislumbrar diversas reformas que deixarão a situação fiscal brasileira muito mais saudável.

Por consequência, isso esquentaria o ambiente de negócios e investimentos. Uma grande oportunidade que passa diretamente, como apontei no meu último artigo (https://br.investing.com/analysis/como-vota-deputado-200223411), pela habilidade política do novo governo para aprovar novas leis de maior impacto (como a Reforma da Previdência) e possíveis privatizações, ou de menor impacto (como as pautas microeconômicas).

Dessa forma, o tom dos investimentos em renda variável será dado pelos acenos e sinalizações do novo governo junto ao Congresso Nacional. Quais leis vão passar? Quando irão passar? Quais reformas serão priorizadas? São perguntas que valem muito dinheiro.

Tendo em vista que o Congresso só volta no início de fevereiro do ano que vem, é preciso se debruçar sobre as perspectivas de aprovação das medidas econômicas ainda este ano, no final do governo Temer. Como o Congresso entra em recesso no dia 22 de dezembro, temos aí praticamente um mês e meio para eventuais pautas.

A começar pelas grandes pautas que foram travadas no governo Temer: a Reforma da Previdência e a privatização da Eletrobras (SA:ELET3). Ambos os temas têm alto teor de desgaste político e dificilmente serão aprovados ainda neste ano. A "reforma das reformas" teria de obter uma difícil maioria qualificada (⅗) na Câmara e no Senado para ser votada em dois turnos em um curtíssimo espaço de tempo. Enquanto que a privatização da gigante do setor elétrico não é unanimidade entre Bolsonaro, Guedes e seu núcleo duro.

Isso não quer dizer que não há espaço para melhorias econômicas de menor impacto – e peso político. Quando Temer desistiu de votar a reforma previdenciária (em fevereiro deste ano, devido à intervenção militar no RJ), apresentou um pacote de 15 medidas microeconômicas para contenção de gastos, aumento de segurança jurídica, melhorias no mercado de crédito, entre outras áreas.

Algumas das propostas andaram, outras não. A reoneração da folha de pagamento de setores da economia e a regulamentação da duplicata eletrônica foram aprovadas no Congresso. Na fila, alguns projetos importantes podem passar ainda esse ano: a Medida Provisória 805, que adia o reajuste de servidores da administração pública federal para 2020, a revisão do contrato de cessão onerosa da Petrobras (SA:PETR4), a independência do Banco Central e a venda de distribuidoras da Eletrobras.

Outros projetos (mais específicos, mas não menos importantes), também podem vir a ser aprovados ainda em 2018, como o PL 774 sobre a regulamentação do distrato de imóveis, a mudança na inclusão de nomes no cadastro positivo, a abertura do setor de empresas aéreas para estrangeiros, a nova lei de falências e o novo Marco Legal das Telecomunicações.

Por mais que a aprovação de medidas mais "cascudas" não seja efetivada, existem ensejos para implementar pequenos ajustes econômicos que sustentariam a lua de mel entre o novo governo e os investidores. Apesar de as medidas não terem grande efeito em um primeiro momento, elas podem contribuir para a posterior realização de mudanças mais profundas, caso de uma reforma previdenciária ou um eventual pacote de privatizações.

Em resumo: o saco de presentes virá cheio. Talvez não com o melhor presente, mas com outros que também têm muito valor. Se a Previdência é o Playstation 3, outros projetos são a raquete e as bolinhas novas.

De qualquer forma, se justifica o boom do fim de ano na Bolsa. Com muita sorte, podemos até ver uma aprovação de partes da Reforma da Previdência de Temer ainda no final de 2018. Se não sair, tudo bem também. O presente de Natal para o mercado virá – ainda que a reforma saia só ano que vem.

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