USDA otimista, mercado baixista, mas até quando?

Publicado 19.11.2013, 13:14
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O último relatório do USDA trouxe números baixistas para o mercado de soja, o que tem feito nós produtores aguardarmos um pouco mais com a esperança de que os preços se recuperem para fecharmos negócios mais rentáveis. Além disso, os custos de produção nesta safra devem subir, especialmente devido a maior necessidade de aplicações de inseticidas para o controle de lagartas, especialmente a Helicoverpa armigera que tem assustado os produtores. E por isso, na quinta-feira, dia 21 de novembro, vamos realizar um fórum em Dourados do Projeto Soja Brasil, para discutir as perspectivas de mercado e os desafios para o controle de pragas no país.

Os dados do USDA devem ter sido os mais aguardados desde muito, principalmente porque o serviço do órgão ficou suspenso com a guerra entre o parlamento dos EUA e o Governo Obama. Os números, por outro lado, seguiram o estilo de sempre, muito otimismo diante um quadro de oferta de demanda apertado. Os analistas de marcado no Brasil inclusive já falam em escassez de soja nos EUA em breve, o que irá pressionar em muito os preços. Os americanos já estão com 84% da safra comercializada, mas o ano safra deles só termina em agosto de 2014.
Por outro lado, temos uma demanda aquecida da China que deve importar 10 milhões de toneladas a mais que na última temporada, cerca de 69 milhões de toneladas. Mas que essa demanda seja satisfeita, o Brasil deverá exportar 45 milhões de toneladas de soja grão. Entretanto, sabemos que a falta de logística e infraestrutura deve dificultar muito a entrega desse produto, com atrasos e possíveis cancelamento de contratos.

E se pensarmos bem, a verdade é que a China não tem tantos fornecedores para que possa escolher de quem importar soja. Se olharmos para o mercado, o mundo compra soja basicamente do Brasil, dos EUA e da Argentina, que são responsáveis por 86% da soja exportada no mundo. No caso da China, por exemplo, EUA e Brasil fornecem mais de 80% da soja importada pelos chineses, enquanto a Argentina fornece pouco mais de 10%, sobrando em torno de 5% de outros fornecedores, mais ou menos 3 milhões de toneladas para importar de outros países, o que não faz nem cócegas na demanda Chinesa de 79,5 milhões de toneladas.

Fica evidente pelos números do USDA que se houver quebra de 5% na safra do Brasil, vai faltar soja no mercado internacional. Segundo o relatório, 107 milhões de soja devem ser exportadas na próxima temporada, contra cerca de 104 milhões a serem importadas. Se o Brasil, EUA ou Argentina tiverem pequenas quebras que cheguem a 4 milhões de toneladas, já faltaria soja para os importadores, e os estoques mundiais baixariam para suprir essa falta, pressionando ainda mais os preços da soja. E por isso, a expectativa do mercado é que os próximos relatórios já não sejam tão otimistas e revertam a tendência para preços mais remuneradores.

Além de todos esses fatores, o futuro da safra da América do Sul ainda é incerto, podendo haver reviravoltas na Argentina e principalmente no Brasil, onde a presença da lagarta Helicoverpa armigera já é reportada em quase todas as regiões produtoras de soja. E o que é ainda pior, já estamos vendo os custos dos inseticidas subirem mais de 50% em alguns estados, seja porque a procura é grande seja porque não tem produto suficiente. Em média, devemos ter uma elevação de 50 dólares por hectare nos custos de aplicação.

Pelos dados do IMEA, no Mato Grosso os produtores já estão no limite, com margens quase no vermelho. Consideramos o custo de oportunidade, a margem já está no vermelho, com custos totais de R$ 2.432,7 por hectare, contra uma receita de R$ 2.125,17 por hectare, com a saca negociada a R$ 40,00 e uma produtividade de 52 sacas. Para o milho a coisa é ainda pior, pois os preços estão muito baixos e os custos de produção em alta, o que tem feito os produtores pensarem se valerá a pena plantar uma área menor que da safra anterior ou até mesmo nem plantar. Normalmente, se os custos empatarem os produtores plantarão. E é por isso que realizaremos um fórum de debates sobre mercado, escoamento e desafio no controle de pragas, no dia 21 de novembro de 2013, na Universidade Federal da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul. Levaremos especialistas no assunto para ajudar os produtores a tomarem as melhores decisões.

Em meio a angústias e incertezas, uma notícia boa, o tão esperado protocolo de exportação de milho brasileiro para a China finalmente saiu. E em breve teremos a oportunidade de escoarmos uma parte do excedente de milho do Centro-Oeste para aquele país. Se tivermos uma confirmação de demanda de 10 milhões de toneladas para o milho brasileiro, estamos falando não só de viabilizar a segunda safra no Centro-Oeste, mas de uma maneira de garantir o crescimento da produção do cereal na região.

Se somarmos a isso que novos projetos de Usinas Flex de etanol de milho e cana estão a caminho, podemos olhar mais otimistas para o futuro, esperando preços melhores para a soja e garantia de demanda para o milho. É claro que ainda precisamos de infraestrutura e logística, de ferrovias e hidrovias com urgência. Mas vemos que no horizonte começa a clarear novas oportunidades para o setor. Além disso, ano que vem tem eleição, momento dos produtores se organizarem e não só escolherem bem seus candidatos, políticos comprometidos com o setor, mas de acompanharem e cobrar ações que possam fazer a diferença.

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