Soprando velinhas
Para começar a semana, algumas novidades, outras nem tanto...
O relatório Focus continua a sua jornada, com menos crescimento (de 1,90% para 1,79%) e mais inflação (de 5,89% para 5,93%) projetados para 2014.
Nesse ritmo, terminaremos o ano com apostas de queda de 4% no PIB e um IPCA de fazer inveja aos vizinhos hermanos.
A boa nova desta segunda é o protagonismo dos resultados corporativos brasileiros. Sem os EUA para desviar a atenção, por conta das comemoração do aniversário de George Washington, sobressai a temporada de divulgações referente ao quarto trimestre do ano passado.
Fique claro que a “boa nova” é o protagonismo, não os resultados...
Difícil para o varejo (capítulo enésimo)
Dentre os resultados do dia, o que mais me chamou atenção foi da Marisa (AMAR3).
A companhia tentou ser agressiva em preços, e acabou assistindo a suas receitas subirem apenas 7,6%, enquanto os custos cresceram 20,6% e as despesas aumentaram 29%. Essa não é das combinações mais favoráveis às margens, obviamente.
O resultado da Marisa tem elementos próprios, mas não esconde o prognóstico complicado para o varejo, setor bastante dependente de crédito.
Mais uma para apoiar a visão de que consumo e varejo só aquele defensivo, com forte posição de caixa e pouco dependente de crédito.
Alguém aí pensou Grazziotin (CGRA4)? E a óbvia AmBev (ABEV3)? (Adoro fazer o simples e ganhar dinheiro).
Procura-se um meio-termo
Quem também se trumbica em um cenário de juros em alta e menor disponibilidade de crédito é o setor imobiliário. Esse também tem elementos próprios das empresas, de forma ainda mais aguda.
Há dois universos bem claros em incorporadoras imobiliárias listadas:
(i) as ações descontadas de empresas ruins e/ou em reestruturação
(ii) as ações caras de empresas premium
O meio-termo mais interessante que achei aqui atende por Helbor (HBOR3).
Por que o brasileiro gosta tanto de imóveis?
Primeiro, por cultura. Justamente o contrário do investimento em ações: hoje, temos cerca de 600 mil CPFs cadastrados na Bolsa - sendo que menos de um terço ativo. Isso corresponde a aproximadamente ínfimo 0,3% da população. Nos EUA, pesquisa conduzida pelo Gallup em abril de 2013 indicou que 52% da população adulta detinha uma ação.
O segundo elemento é de cunho mais conjuntural. Os últimos anos foram marcados por forte desempenho dos imóveis em relação aos demais ativos. A Bolsa vem de desempenho bastante ruim, enquanto os títulos públicos observaram forte escalada das taxas de juro, cuja contrapartida é obviamente a queda dos preços.
Você está desequilibrado
Essa é uma questão extremamente relevante no momento:
Você possui algum imóvel?
Ora, se tudo caiu e só o preço dos imóveis subiu nos últimos anos, muito provavelmente a distribuição do seu patrimônio está desequilibrada.
Para onde correr
No risco de bolha, uma alocação extremamente concentrada em imóveis pode ser uma bomba relógio, especialmente se considerarmos a baixa liquidez de venda de um imóvel físico.
Além da questão da liquidez, o investimento em imóveis tem outra ressalva, que é o elevado investimento inicial necessário (ainda mais agora).
Por isso, ainda acho o investimento em fundos imobiliários uma alternativa interessante, desde que haja seletividade e foco no médio prazo. É uma forma de se expor diretamente à dinâmica de imóveis com renda recorrente (distribuições aos cotistas) driblando as premissas de elevado investimento inicial necessário, baixa liquidez e operacionais frágeis das incorporadoras listadas, que em geral acabam impedindo uma ação de construtora de pagar um dividendo interessante.
Em nosso relatório de fundos imobiliários desta segunda, iniciamos a cobertura de um fundo que paga 10,5% de retorno ao ano.
A despedida
A grande novidade do dia não é um resultado, mas é do setor de imobiliário: a incorporadora Brookfield recebeu proposta de R$ 1,60 por ação do controlador para sair da Bolsa, o que dá um bom prêmio de 29% para os acionistas atuais sobre a cotação de fechamento de sexta-feira.
“Bom” para quem? Oportunismo pouco é bobagem...
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Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.