Os preços do bitcoin caíram no início de fevereiro de 2018, rompendo o benchmark de US$ 6.000 em mais cedo nesta semana. Muitos investidores assistiram com horror e se perguntaram se a bolha de cripto, e especialmente do bitcoin – que teve um 2017 espetacular, ganhando mais de 900% ao longo do ano e atingindo um máximo histórico de US$ 19.783 em meados de dezembro antes de perder mais de 60% de seu valor a preços atuais – finalmente terminou.
Mas os altos e baixos de tirar o fôlego parecem ser uma parte fundamental da história dessa criptomoeda extremamente volátil. Desde que os primeiros bitcoins foram emitidos em 2009, a moeda teve várias correções, bem como dois crashes significativos – um em 2011, quando perdeu 94% de seu valor em um período de 5 meses e uma retração mais prolongada, de novembro de 2013 até meados de janeiro de 2015, quando caiu forte, 85% no total.
Observe que muitos analistas definem um mergulho de 60% como um estouro de bolha. Por essa medida, o bitcoin resistiu a dois estouros de bolha severos durante sua breve história, mas cada vez voltou mais forte.
Fonte: CoinTelegraph
O gráfico acima destaca os gatilhos que causaram os crashes anteriores. Quais são os gatilhos desse crash atual?
Vários fatores parecem estar em jogo. Ultimamente os governos asiáticos têm feito mais barulho sobre a regulamentação das ICOs e operações em criptomoedas.
Os anúncios recentes de bancos e emitentes de cartões de crédito, observando que não mais transacionam compras de cripto por cartões de crédito, aumentaram as preocupações empurrando a moeda para baixo. O JPMorgan Chase (NYSE:JPM), o Bank of America (NYSE:BAC) e o Citigroup (NYSE:C) disseram que estão interrompendo as compras de bitcoin e outras criptomoedas em seus cartões de crédito.
Mais recentemente o Lloyds Banking Group (NYSE:LYG) e o Virgin Money (LON:VM) também proibiram a compra com cartões. À medida que a proibição aumentava os preços do bitcoin se contraíam.
Sentindo-se #REKT?
Ultimamente, dezenas de investidores de bitcoin têm tuitado #REKT, gíria para destroçado, o que descreve de forma concisa quão completamente destruídos ou arruinados provavelmente se sentem. No entanto, apesar dos inúmeros recuos recentes da maior moeda digital por capitalização de mercado, ainda existem muitas razões para os operadores de bitcoin permanecerem firmes. O HODL (gíria da comunidade bitcoin que faz referência a ficar com a moeda em vez de vender) foi uma boa estratégia nos crashes anteriores, especialmente porque todas as vezes o bitcoin voltou mais forte do que antes.
Contexto Histórico
Para entender todo o caso do HODL para o bitcoin daqui para a frente é necessário ter em perspectiva os motivos dos crashes anteriores e o que os desencadeou. Além disso, é importante observar quanto tempo o bitcoin levou para se recuperar de cada evento.
Houve dois crashes memoráveis do Bitcoin. Um em 2011, quando caiu de US$ 32 para US$ 2, e novamente de 2013 até o início de 2015, quando caiu de uma máxima de US$ 1.166 para US$ 170 antes de voltar a se recuperar. Ambos os eventos foram desencadeados, pelo menos no início, por circunstâncias que envolvem a negociação da agora extinta exchange Mt. Gox – a primeira vez por causa de um ataque hacker na exchange, a segunda vez porque o site da exchange caiu, interrompendo a negociação.
No entanto, toda vez que o bitcoin caiu, o retorno trouxe valor adicional aos investidores. O analista Charlie Bilello tuitou o gráfico a seguir em 5 de fevereiro:
O especialista em segurança cibernética e especialista em criptomoedas John McAfee expressou a frustração que a maioria dos investidores de longa data sente em relação ao pânico dos novatos e/ou investidores de curto prazo no primeiro sinal de perdas significativas quando tuitou:
Noel Chandler, cofundador e CEO da Clinicoin, uma plataforma de bem-estar open source que recompensa os usuários com criptomoedas por participarem de atividades saudáveis, concentra-se na história mais ampla deste ativo e na promessa de crescimento de valor futuro:
"Claro, a questão não seria apenas relatar as quedas, mas também descrever o que aconteceu em cada caso (a moeda voltou ainda mais forte todas as vezes), e especular ou mesmo prever, se possível, o quão baixo pode chegar e qual – com base na história e na análise técnica – pode ser o próximo passo, uma vez que a fase da bolha acabou desta vez. Se o que estamos experimentando agora é outro estouro da bolha do BTC, esse é muito diferente dos outros, simplesmente pelo volume de inovações e ideias que saem disso. Se estamos seguindo o padrão Boom, Bubble, Bust, Rebirth, (do inglês Expansão, Bolha, Estouro, Renascimento) acredito que o renascimento será rápido e mais excitante do que qualquer coisa que já tivemos antes nos negócios".
Maksim Izmaylov, CEO e cofundador da Winding Tree, uma plataforma de distribuição de viagens open source descentralizada baseada em blockchain foca menos na ação dos preços e mais na tecnologia subjacente, que acredita ser a verdadeira fonte do valor do bitcoin:
O criptomercado é alimentado pela irracionalidade. Os recentes aumentos de preços foram conduzidos por toneladas de novos usuários que pensam que o cripto vai torná-los ricos da noite para o dia. Isso é facilmente visto pelos novos usuários do Coinbase e Kraken, entrando diariamente. As quedas de preços não importam, pode mudar a percepção do cripto entre o público, mas não para o desenvolvimento da tecnologia subjacente, e é isso que importa. Neste momento o preço não é nada além de especulação."
Continuar otimista em cripto
Apesar da queda do preço, Ted O'Neill, fundador da Narrative LTD, uma plataforma de conteúdo e redes sociais, ainda está muito otimista com relação as criptomoedas em geral, particularmente a longo prazo. Embora a volatilidade possa assustar os investidores, mantendo-os longe da classe de ativos, ele ressalta que é fundamental ter a consciência do histórico de negociação da moeda e uma compreensão mais profunda do que impulsiona o valor de uma moeda:
"Infelizmente, os incríveis ganhos de preços associados à criptomoeda também serão contrariados por quedas assustadoras. Se você tiver criptomoedas é melhor pensar a longo prazo e, claro, manter a cripto que você conhece e que tem valor para você ".
Para Chris Tse, diretor fundador do desenvolvedor de blockchain Cardstack, de Nova York, tudo tem relação com a tecnologia:
Se ninguém está realmente usando o blockchain, seu valor intrínseco é o valor comercial. Em outras palavras, se não temos atividade real, com substância real – pessoas que criam comunidades na blockchain, usando software descentralizado em suas vidas cotidianas; se não podemos superar o atual uso exclusivo para negociação – então a volatilidade persistirá porque o preço apenas reflete o sentimento e nenhum valor real subjacente".
O bitcoin tem experimentado uma volatilidade insana, desde que temos dados comerciais confiáveis, explica Rob Viglione, cofundador do ZenCash. Como ele vê, o que estamos experimentando agora, uma queda de 65% no preço do bitcoin a partir do pico de meados de dezembro, pouco abaixo de US$ 20.000, não é novidade.
"As piores quedas variaram de aproximadamente 80% a 95%, então esse crash atual está bem dentro dos limites históricos. A pior baixa começou em junho de 2011 e seguiu seu curso com uma queda de 93%, que acabou em meados de novembro daquele ano. Todo crash foi precedido por uma alta maciça. Em 2011 verificamos que os preços subiram cerca de 10.000% desde o início do ano, antes que mergulhassem de cabeça.
Viglione acredita que é importante ter alguma perspectiva, especialmente, do crash de 2013-2015. Começou em abril com a Mt. Gox e teve uma queda total de 82% até agosto de 2015, com muitas recuperações falsas que não se concretizaram. Ele diz:
"A crise de 2013 começou após um aumento de 53.000% em relação ao mínimo anterior de novembro de 2011. Os mercados pessimistas de bitcoin tendem a durar entre 6-24 meses, pelo menos na pouca história de negociação que temos até agora. O mercado atual certamente está muito mais maduro do que em 2011 e 2013, então é razoável pensar que a baixa pode ser menos grave ".
Se você é novo na operação de criptomoedas, e especialmente de bitcoin, considere-se avisado: é um investimento de alto risco e volatilidade.
Mas se a história servir de guia, como o gráfico acima do BTC/USD entre 2012 e 2016 mostra claramente, para os investidores que conseguem manter a calma e HODL, também pode haver uma grande recompensa.