O ETF, ou Exchange-Traded Fund, é um fundo de investimento negociado em bolsa que busca refletir a performance de uma cesta pré-determinada de ativos, um índice. O produto é muito utilizado por investidores que desejam diversificação por uma baixa taxa de administração. Hoje, vamos dar uma olhada com mais detalhe nas opções desse tipo de ativo no país.
A classe de ativos surgiu na década de 90 no Canadá, mas ficaram conhecidos após a crise financeira de 2008, quando os investidores passaram a buscar produtos com maior transparência na gestão, ganhando alta popularidade desde então.
Para se ter ideia, na última década, o volume financeiro em ETFs cresceu a uma taxa média anual próxima de 18%, contra cerca de 8% da indústria global de fundos. O crescimento da indústria fica mais evidente quando o comparamos com a taxa de crescimento anual de novas tecnologias desde 2009, visto que os smartphones cresceram a 24,3%, as redes sociais a 13% e o e-commerce norte-americano a 12%.
Todo esse crescimento nos levou a mais de 8.000 produtos do tipo ao redor do mundo, com quase US$ 6 trilhões de ativos sob gestão, mais de 450 gestores e presente em 72 bolsas de valores.
No Brasil, por mais que esse tipo de produto ainda não seja tão popular quanto é lá fora, também apresentou um crescimento muito agressivo na última década. Mesmo assim, ainda possuímos apenas 23 ETFs, com seis gestores e cerca de R$ 30 bilhões administrados.
Além da falta de opções, também carecemos de outro importante fator: educação financeira. Grande parte dessas gestoras que ofertam os ETFs não possuem os incentivos para divulgá-los, pois são produtos de baixa margem, visto as baixas – e em queda – taxas de administração cobradas.
Em contrapartida, optam por incentivar o investimento em fundos com alta taxa de administração e performance – que muitas vezes não batem o mercado – e a poupança.
Pensando nisso, comentarei um pouco a respeito sobre cada um dos 17 ETFs de renda variável disponíveis na bolsa brasileira.
BBSD11 e DIVO11 - São os ETFs das empresas pagadoras de dividendos, que replicam os índices S&P Dividendos Brasil e IDIV, respectivamente. Geridos pelo Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Itaú (SA:ITUB4), a taxa de administração dos produtos é de 0,5% ao ano. Historicamente, o pagamento de dividendos por parte das companhias esteve correlacionado com balanços mais sólidos, maior saúde financeira e lucros mais fartos e previsíveis. Os setores com maior participação no ETF são o financeiro e o elétrico.
BOVA11, BOVB11, BOVV11 e XBOV11 - São os ETFs que possuem o índice Ibovespa como referência, o principal termômetro do mercado de ações brasileiro, com as maiores posições em Itaú, Vale (SA:VALE3), Bradesco (SA:BBDC4), Petrobras (SA:PETR4), B3 (SA:B3SA3), Ambev (SA:ABEV3), Banco do Brasil, Itausa (SA:ITSA4) e Lojas Renner (SA:LREN3). A opção com maior liquidez (medido pelo volume e facilidade de negociação) é o BOVA11, da BlackRock, com taxa de administração de 0,30% ao ano. O Ibovespa contempla uma carteira teórica com as maiores e mais negociadas empresas de capital aberto no Brasil. Por conta de seu alto peso em commodities, o índice sofre com a ciclicidade natural do modelo de negócio.
BRAX11 - ETF das 100 empresas mais negociadas da bolsa, gerido pela BlackRock, que segue o índice IBrX-100. Taxa de administração de 0,2% ao ano.
ECOO11 - Gerido pela BlackRock, o ETF busca refletir a performance do Índice Carbono Eficiente, composto pelas 50 ações das companhias mais negociadas em bolsa que adotaram práticas transparentes com relação a suas emissões de gases de efeito estufa. Com uma taxa de administração de 0,38%, os principais ativos do produto são Itaú, B3, Bradesco, Banco do Brasil, Petrobras, Weg (SA:WEGE3), Natura (SA:NTCO3) e Localiza (SA:RENT3).
FIND11 - Criado em 2011 pelo Itaú, busca refletir a performance do Índice Financeiro IFNC, abrangendo os setores de intermediários financeiros, serviços financeiros, previdência e seguros, sendo que nenhuma empresa pode exceder a participação de 20%. Com uma taxa de administração de 0,6%, o produto é adequado para aqueles que desejam uma concentração setorial.
GOVE11 - É o ETF de governança corporativa e alta liquidez, buscando refletir a performance do Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT), composto por ações de empresas que adotam padrões de governança corporativa diferenciados, como a listagem no Novo Mercado. O gestor é o Itaú, que cobra 0,5% de taxa de administração ao ano.
ISUS11 - Criado em 2011 pelo Itaú, o ETF busca refletir a performance do Índice de Sustentabilidade Empresarial, composto por ações de empresas com maior sustentabilidade corporativa, eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança. Taxa de administração de 0,4%.
IVVB11 e SPXI11 - ETFs que visam oferecer exposição à estratégia de investir no exterior, refletindo a performance do Índice S&P 500, composto pelas 500 principais empresas norte-americanas em valor de mercado. Com ambos, o investidor tem acesso à variação cambial e uma cesta de ações das melhores companhias do mundo, como Microsoft (NASDAQ:MSFT), Apple (NASDAQ:AAPL), Amazon (NASDAQ:AMZN), Facebook (NASDAQ:FB) e Google (NASDAQ:GOOGL), que representam por cerca de 20% do índice. A taxa de administração de ambos é 0,24% e 0,21%, respectivamente.
MATB11 - Criado em 2012 pelo Itaú, o produto busca refletir a performance do Índice de Materiais Básicos, como fabricação de papel, mineração e siderurgia, cobrando uma taxa de administração de 0,5% para tal.
PIBB11 - Criado em 2004 pelo Itaú, foi o primeiro ETF criado no Brasil, e busca refletir a performance do Índice Brasil 50 (IBrX50), composto pelos 50 ativos mais negociados e mais representativos do mercado acionário brasileiro.
SMAC11 e SMAL11 - São os ETFs adequados para os investidores que desejam se expor às Small Caps, composto pelo índice SMLL. Criados pelo Itaú e BlackRock, respectivamente, as maiores posições são Via Varejo (SA:VVAR3), Eneva (SA:ENEV3), Cogna (SA:COGN3), YDUQS (SA:YDUQ3) e BR Malls (SA:BRML3).
Essas são as opções de ETFs brasileiros de renda variável. Lembre-se que, para escolher o seu favorito, é necessário analisar todos os critérios qualitativos, como a estratégia adotada e as principais posições do índice. Além de critérios quantitativos, como a rentabilidade e consistência passada, volatilidade, gestão, taxa de administração, volume e liquidez (medido por patrimônio líquido e número de cotistas).