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O wash trading é uma prática de manipulação de mercado que consiste em realizar compras e vendas sucessivas do mesmo ativo, sem alteração real na propriedade ou no risco econômico.
O objetivo é inflar artificialmente o volume de negociação e criar uma percepção enganosa de liquidez e demanda, atraindo investidores e influenciando preços. No mercado cripto, essa prática ocorre principalmente em corretoras descentralizadas (DEXs) e, em menor escala, em plataformas centralizadas.
Em DEXs, o wash trading se aproveita do modelo de formadores automáticos de mercado (AMM) para executar ordens contra pools de liquidez, repetindo transações de valores similares em curtos intervalos de tempo.
Essa operação pode ser manual, mas geralmente é feita de forma automatizada por meio de bots e contratos inteligentes. Ao contrário de um trader legítimo, que busca lucro por variação de preço, o operador de wash trading tem como meta única gerar métricas artificiais para atrair atenção ao ativo.
Essa prática, embora ilegal em mercados tradicionais, ainda enfrenta desafios regulatórios no universo cripto. A pseudonimidade das transações, a ausência de intermediários e a natureza global das DEXs dificultam a identificação e punição dos responsáveis.
Porém, o rastreamento on-chain e o uso de heurísticas específicas já permitem detectar padrões suspeitos, como transações repetitivas com diferença mínima de valor ou concentração de atividade em poucos endereços.
Um exemplo prático é o Volume.li, um serviço criado para vender wash trading como produto. Ele oferecia pacotes de volume (por exemplo, gerar US$ 100 mil de negociações em 24 horas) mediante pagamento em criptomoedas. Após o pagamento, bots executavam automaticamente cerca de 100 ordens de compra e venda de um token em rápida sucessão, inflando o volume de forma artificial.
Tecnicamente, o Volume.li utilizava contratos inteligentes próprios e uma função específica (0x5f437312) para disparar múltiplas transações, muitas vezes no Uniswap.
O caso Volume.li mostra como o wash trading pode ser operacionalizado como serviço, permitindo que criadores de tokens ou manipuladores construam uma falsa percepção de popularidade.
Isso abre espaço para esquemas como pump-and-dump, nos quais o interesse artificial gera alta de preço seguida por liquidação maciça dos detentores iniciais, deixando prejuízos para investidores desavisados.
Embora o wash trading não represente a maior fatia das atividades ilícitas no mercado cripto, ele compromete a integridade das métricas de negociação e distorce a avaliação de projetos.
A tendência é que ferramentas de monitoramento avancem para reduzir seu impacto, mas o caso Volume.li reforça que a prática permanece ativa e adaptável.