A {{8836|prata} irá superar os US$ 26 por onça? É melhor acreditar que sim. Com o ouro a apenas US$ 25 de atingir US$ 2.000, seu “primo pobre” não está se saindo tão mal neste que tem tudo para ser o Ano dos Metais Preciosos. Mas sua trajetória de alta não deve ficar livre da volatilidade.
Só neste mês, a prata já registrou seu maior ganho mensal em termos percentuais desde dezembro de 1979, ao se valorizar 38%.
Como o portal de investimentos Dumb Wealth afirmou em seu blog nesta semana sobre a busca de alfa:
“A avaliação de metais preciosos – que não fornecem fluxo de caixa – é uma forma de arte. Não existe uma maneira correta de fazer isso. Será que a prata vai atingir três dígitos? Ninguém pode dizer qual é a ‘correta’ relação ouro/prata, mas podemos usar a história como guia.”
Prata subvalorizada em relação ao ouro
No que se refere à relação entre os dois metais, a prata chegou a atingir US$ 50,35 por onça em janeiro de 1980, quando o ouro era negociado a cerca de US$ 875. Isso significa que eram necessárias 17 onças de prata para comprar uma onça de ouro, já que a relação era de 1:17. Atualmente, essa relação está em 1:77, ou seja, a prata se desvalorizou mais de cinco vezes em relação ao ouro no curso de quatro décadas.
E, enquanto os redatores do Dumb Wealth se questionam se a prata conseguirá registrar um recorde de US$ 100 – e nós nos perguntamos o que o resto de 2020 reserva para os metais preciosos –, uma rápida análise da ação dos preços ocorrida hoje mostra como as coisas podem mudar em menos de 24 horas.
Jeffrey Halley, analista da corretora online OANDA, disse que os investidores dos metais preciosos estavam à flor da pele, já que uma repentina reversão no espaço de 30 minutos varreu US$ 44 do valor do ouro, que havia alcançado US$ 1.974,40, além dos US$ 2 que fizeram a prata atingir as máximas de oito anos a US$ 26,26.
Em suas palavras:
“Para dar uma ideia aos leitores de como as negociações desta manhã estão frenéticas, a prata caiu 0,6%, e o ouro, 1,50%, desde que comecei a escrever!".
A prata havia caído mais de 3% no dia, a cerca de US$ 23,75, enquanto o ouro registrava queda de 0.6%, a US$ US$ 1.919,10.
A “Dama Selvagem”
Enquanto o dólar se recuperava, seguindo o repique nos metais precisos, a correção se mostrava como algo natural, e não como um catalisador da reversão, segundo Halley. A moeda norte-americana, que despencou para as mínimas de 2 anos na terça-feira, tem sido um dos principais vetores da alta no ouro e na prata.
“Eu suspeito que a liquidez e o ‘dedo gordo' fizeram a sua parte”, afirmou Halley em sua conclusão sobre o que ocorreu na meia hora de loucura.
O analista disse ainda:
“A prata é uma dama selvagem para dizer o mínimo, com a liquidez geralmente evaporando em movimentos agressivos unidirecionais. O mercado pode muito bem ter disparado as ordens de ‘stop loss’ em ambos os lados no início das negociações, em vista da pouca liquidez, já que houve uma reversão forte após a missão ter sido cumprida.”
“Isso não nega o fato de que ambos os metais precisos registraram ralis espetaculares ontem, com o ouro subindo 2.15%, para US$ 1942,00 por onça, e a prata, 8.10%, para US$ 24,60 por onça”.
O índice de volatilidade da prata, que serve de referência para a oscilação implícita do metal, atingiu 65% hoje, algo visto apenas em algumas ocasiões desde a criação do índice em 2011.
Christopher Lewis, analista de metais preciosos da FX Empire, afirmou que gosta da ideia de comprar a prata em correções, mas ressalta que ainda não houve uma boa oportunidade de fazer isso.
“Esses tipos de movimentos registram fortes correções e podem causar um grande estrago em sua conta se você for pego comprando no topo. A experiência nos ensina que sempre que você compra um mercado “que não tem como cair”, ele cai. Além disso, é praticamente certo que ele irá na direção que você queria depois de o seu stop ter sido acionado.
Lewis, no entanto, deixa claro que “não pretende abrir venda nesse mercado, mesmo se soubesse, sem dúvida, que iríamos cair a partir de agora”.
O analista complementou:
“As correções neste ponto representam oportunidades para quem quer entrar no mercado, por isso a prata claramente pode ir muito mais longe. É provável que tenhamos um ‘piso rígido’ perto do nível de US$ 20, assumindo que podemos inclusive ir abaixo disso.
Eu acho que é bastante provável vermos muito ruído nas negociações, mas os compradores devem continuar impulsionando a prata a níveis mais elevados. De fato, não ficaria nada surpreso em ver uma cotação de US$ 50 no ano que vem”.
Cuidado com a "debandada do dinheiro rápido”
Sunil Kumar Dixit, outro analista independente e grafista técnico de metais preciosos, afirmou que sua expectativa é que o ouro registre alguma correção se permanecer abaixo de US$ 1,933, visitando US$ 1.910 a US$ 1.900.
“Um fechamento abaixo de US$ 1.900 sinalizaria uma reversão baixista, gerando um recuou de um ou dois dias. O ouro está em uma clara tendência de alta, portanto as correções e consolidações são consideradas como ganho de energia para uma pernada mais forte. Comprar nas quedas em áreas de valor é uma boa ideia”.
Halley, da OANDA, disse que uma queda convincente de até US$ 1.835 no ouro, ou US$ 24 na prata, poderia desencadear uma “debandada do dinheiro rápido”.
“Mas, em vista do momentum subjacente dos ralis, esses níveis devem ser mantidos por enquanto, já que a base para uma alta dos metais preciosos está mais forte do que nunca”.
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