Por Geoffrey Smith
Investing.com – O governo da Alemanha anunciou novas medidas para reduzir o uso de gás natural durante o próximo inverno e, com isso, escapar da “chantagem” da Rússia, no último sinal de que a maior economia da Europa está se preparando para um prolongado confronto com Moscou após sua invasão na Ucrânia.
O vice-chanceler e ministro da economia, Robert Habeck, disse que o país exigirá que os operadores de armazenamento de gás preencham suas instalações mais rápido do que o previsto, além de anunciar a reativação de algumas das usinas de energia mais poluentes para reduzir a quantidade de gás queimado na geração de eletricidade neste inverno.
Habeck disse ainda que as instalações de armazenagem da Alemanha, que atualmente estão 65% cheias, deverão atingir o nível de 75% no início de setembro, subindo para 85% e 95% nos dois meses seguintes. Essa medida visa evitar um dramático racionamento da oferta, especialmente para consumidores industriais, como a gigante química BASF e o setor automotivo, no próximo inverno.
A aceleração do cronograma para preencher os estoques elevou a ponta dianteira da curva do gás futuro na Europa, revertendo uma forte queda na abertura, após a Gazprom (MCX:GAZP) confirmar a retomada do fornecimento através do gasoduto Nord Stream com o término do período previsto de manutenção. Os contratos futuros com prazos mais longos se enfraqueceram, no entanto, diante de expectativas de que o pico da demanda em meados do inverno será manejável.
Habeck, que representa o Partido Verde da Alemanha, também confirmou que o país reativará suas usinas térmicas movidas a lignita a partir de outubro, em mais uma demonstração cabal de como a crise energética de curto prazo retirou a mudança climática de longo prazo do topo da lista de prioridades do governo.
Ao mesmo tempo, Habeck definiu outras medidas de como preservar gás até o inverno. Uma delas prevê que os edifícios públicos deixem de aquecer seus corredores e que inquilinos fiquem isentos de manter seus apartamentos acima de determinada temperatura, exigência comum em muitos contratos de aluguel, a fim de proteger a estrutura e as tubulações de edifícios. De acordo com as atuais projeções, ele estimou que o país conseguirá cortar seu consumo de gás em cerca de 7% a 8% em relação ao ano passado, embora o declínio concreto será maior, devido à menor intensidade do último inverno.