SÃO PAULO (Reuters) - A safra de cana 2019/20 no centro-sul do Brasil deverá apresentar pequenas oscilações de volume na comparação com temporada atual, de acordo com as primeiras projeções para o novo ciclo divulgadas por analistas nesta terça-feira.
A corretora e consultoria Bioagência previu o processamento de cana na próxima safra a 567 milhões de toneladas, versus 558 milhões estimados para a temporada vigente.
A consultoria Agroconsult projetou uma produção levemente maior no ano que vem, a 582 milhões de toneladas, ante a previsão de 562 milhões de toneladas neste ano.
As usinas no centro-sul estão nos estágios finais da safra 2018/19, que vai de abril a março.
A moagem deve terminar antes do normal neste ano, possivelmente por volta de outubro, já que as usinas conseguiram estabelecer um ritmo mais acelerado de processamento desde março, devido ao tempo mais seco.
Bioagência e a Agroconsult têm projeções diferentes para a produção de açúcar e etanol.
A Bioagência estima que as usinas irão produzir ainda menos açúcar no ano que vem, com o foco se mantendo no etanol, com a produção do adoçante no centro-sul tocando 25,4 milhões de toneladas no próximo ano, ante 27,4 milhões de toneladas na safra atual. A produção de etanol deve subir para 30 bilhões de litros, versus 28,8 bilhões de litros.
A Agroconsult enxerga de maneira diferente, prevendo que as usinas irão reduzir o grande direcionamento de cana para o etanol neste ano. A consultoria estima a produção 2019/20 de açúcar no centro-sul a 29,4 milhões de toneladas, ante 28,8 milhões de toneladas neste ano, enquanto a produção de etanol deve ter uma leve variação a 28,1 bilhões de litros, ante 27,7 bilhões.
As duas consultorias divulgaram as suas estimativas durante uma conferência em São Paulo organizada pela empresa de informação, Novacana.
O Brasil está colhendo menos cana em 2018 pelo terceiro ano consecutivo. Os preços globais baixos da commodity limitaram a capacidade das usinas de investir em canaviais, reduzindo os volumes.
O analista da Agroconsult, Fábio Meneghin, enxerga um risco de a cana perder ainda mais área para os grãos, devido aos retornos maiores, quando os agricultores plantam soja no sistema de rotação com o milho.
"Mesmo em São Paulo, uma região tradicional da cana, os produtores têm tentando a rotação soja/milho no lugar da cana, e estão ganhando mais dinheiro", ele disse.
A Reuters reportou no mês passado que há uma tendência crescente entre os produtores brasileiros para trocar a cana por grãos.
(Por Marcelo Teixeira)