Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A Biosev (SA:BSEV3), uma das maiores processadoras de cana do mundo, manteve a decisão de não operar no próximo ano a usina de Maracaju, em Mato Grosso do Sul, após uma reunião na terça-feira entre o presidente da companhia, Rui Chammas, e o governador do Estado, Reinaldo Azambuja.
No encontro, realizado em São Paulo, foi discutida justamente uma eventual retomada das atividades industriais da usina, cujas operações, vistas como importantes para o município do Maracaju, foram suspensas no início do mês visando reduzir os custos da empresa.
"A suspensão das operações industriais da unidade da Biosev em Maracaju está mantida para a safra 2018/19", disse a companhia, que é braço sucroenergético da operadora de commodities Louis Dreyfus, em nota enviada à Reuters.
"A Biosev reforça que a decisão contribui para otimizar a utilização de capacidade neste polo e visa capturar sinergia operacional com outras unidades da companhia no Estado, para reduzir seu custo de produção, trazendo ainda mais resiliência para a geração de caixa."
Na nota, a companhia reiterou que a cana proveniente da operação agrícola em Maracaju será direcionada para as unidades Passatempo e Rio Brilhante.
"A empresa seguirá analisando as condições operacionais locais e a demanda de mercado para avaliar a viabilidade de retomada das atividades industriais da Unidade Maracaju em safras futuras", concluiu a Biosev.
A suspensão das atividades em Maracaju ocorreu em um momento em que outras empresas, como Raízen e Glencore (LON:GLEN), buscam expandir seus negócios, inclusive com a aquisição de usinas em dificuldades financeiras.
O setor sucroenergético brasileiro está de olho na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), cujo projeto de lei foi aprovado na noite de terça-feira na Câmara dos Deputados.
A expectativa é de que o RenovaBio estimule o uso crescente de renováveis, gere investimentos de 1,4 trilhão de reais e economia de 300 bilhões de litros em gasolina e diesel importados até 2030.
Além disso, o RenovaBio pode dar suporte aos preços do açúcar em 2018, uma vez que estimularia a fabricação de álcool em detrimento do adoçante, segundo o JPMorgan.