SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de carne de frango do Brasil, maior exportador mundial, encerraram 2023 com recordes de 5,138 milhões de toneladas, alta de 6,6% em relação a 2022, sinalizando tendência positiva para 2024, afirmou nesta segunda-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O número, que inclui todos os produtos, entre in natura e processados, confirmou as projeções traçadas pela associação para o ano, com o país avançando nos embarques já que segue livre de gripe aviária em granjas comerciais, algo que tem acometido outras nações.
Em receita, o crescimento dos embarques em 2023 foi menor em meio a preços mais baixos, de apenas 0,4% na comparação com 2022, mas suficiente para um novo recorde de 9,796 bilhões de dólares em 12 meses.
"Apesar dos desafios do ano, incluindo um cenário com variações acentuadas de mercados e de custos de produção, o resultado é altamente positivo e confirma as projeções traçadas pela ABPA para o ano, ao mesmo tempo em que indica a tendência de exportações que deveremos observar ao longo de 2024", disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em nota.
Ele lembrou que o Brasil teve em 2023 o primeiro foco de Influenza Aviária em aves silvestres, o que não afeta o status de livre de gripe aviária do país --conforme as regras da Organização Mundial de Saúde Animal, isso acontece quando surtos ocorrem em granjas comerciais.
"Os resultados obtidos pelas exportações atestam a confiança do mundo no trabalho de excelência em biosseguridade executado pelas empresas do setor, com o apoio do Ministério da Agricultura..., o que permitiu ao país continuar livre de Influenza Aviária", ressaltou Santin.
Ele destacou que, pela primeira vez, o Brasil superou a marca de 5 milhões de toneladas exportadas em um ano. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados na sexta-feira, já tinham sinalizado o recorde anual. As melhores marcas anteriores tinham sido obtidas em 2022.
"Neste contexto, as boas notícias divulgadas no fim de 2023 trazem expectativas de movimento sustentado nas vendas internacionais, seja em relação a mercados consolidados ou mesmo com a abertura de novos", comentou.
O desempenho do ano foi consolidado com o resultado alcançado em dezembro, quando o país exportou 467,2 mil toneladas de carne de frango no período, número 20,9% superior ao registrado no décimo segundo mês de 2022.
Dezembro marcou o segundo maior volume embarcado em um único mês na história do setor, superado apenas pelas 514,6 mil toneladas exportadas no mês de março de 2023.
A receita gerada pelas exportações de dezembro totalizaram 818,9 milhões, número 4,3% maior que no mesmo período de 2022.
Em dezembro, o Japão assumiu a liderança como principal destino das exportações de carne de frango do Brasil, com 55,9 mil toneladas importadas, volume 53,9% maior que o total registrado no mesmo período de 2022.
Em segundo lugar, a China importou 50,3 mil toneladas (+8,5%), seguida por Emirados Árabes Unidos, com 44,3 mil toneladas (+27%), Arábia Saudita, com 39,5 mil toneladas (+56,3%) e África do Sul, com 31,2 mil toneladas (+10,8%).
"Houve um aumento generalizado nas importações de carne de frango pelos principais destinos dos nossos produtos, o que justifica o desempenho...", disse o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.
CARNE SUÍNA
As exportações brasileiras de carne suína (incluindo todos os produtos, entre in natura e processados) encerraram 2023 com desempenho recorde, totalizando 1,229 milhão de toneladas, afirmou a ABPA em comunicado separado. O volume supera em 9,8% o total embarcado em 2022.
Em receita, as vendas internacionais de carne suína alcançaram 2,818 bilhões de dólares em 2023, também recorde, com alta de 9,5%.
Maior importadora de carne suína do Brasil, a China foi destino de 388,6 mil toneladas do produto ao longo de 2023, queda de 15,6% ante o total embarcado para o país no mesmo período de 2022.
Por outro lado, as vendas para Hong Kong totalizaram 126,6 mil toneladas (+29,3%), sendo seguidas pelas Filipinas, com 126 mil toneladas (+58,8%), Chile, com 87,5 mil toneladas (+44,2%), Singapura, com 64,3 mil toneladas (+16,2%), Uruguai, com 49,1 mil toneladas (+11,9%), Vietnã, com 47,8 mil toneladas (+4,8%) e Japão, com 40,3 mil toneladas (+46,9%).
"O ano de 2023 se encerra para as exportações de carne suína com a confirmação de um movimento notado, em especial, ao longo do segundo semestre, pela influência dos efeitos da diversificação dos destinos de exportações sobre o resultado final do ano. Isto, em especial, com relação a países da Ásia e Américas", disse o diretor de mercados da ABPA.
(Por Roberto Samora)