BRASÍLIA (Reuters) - O Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu nesta quarta-feira zerar a alíquota do Imposto de Importação para o arroz em casca e beneficiado até o fim deste ano, em meio à expressiva alta no preço do produto no país.
Em nota, o Ministério da Economia informou que a redução temporária está restrita à cota de 400 mil toneladas e que a decisão veio após proposta feita pelo Ministério da Agricultura ao colegiado.
Atualmente, incidem sobre os países fornecedores de fora do Mercosul as tarifas de 12% sobre o grão beneficiado e 10% sobre o produto em casca.
O movimento do governo brasileiro vem em meio a uma elevação recente de preços de alimentos básicos no país, incluindo o arroz, cuja cotação atingiu patamar recorde.
Além da demanda firme, o dólar forte frente ao real, que impulsiona exportações, é citado entre os fatores para o aumento de preços dos alimentos no país.[nL1N2FX0T6]
O arroz em casca no Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, fechou a terça-feira cotado em 104,17 reais por saca de 50 kg, alta de 10,8% na variação mensal e mais que o dobro da média de 45,15 reais registrada um ano antes, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar na semana passada que pediria "patriotismo" aos donos de supermercados para evitar aumentos de preços aos consumidores.
Na terça-feira, ele disse que tem pedido aos lojistas que produtos essenciais sejam vendidos com margem de lucro "próxima de zero". [nL1N2G11A9][nL8N2G55IF]
Em entrevista à CNN Brasil na noite de terça-feira, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que sua pasta tem monitorado os estoques de produtos agrícolas.
"Nossa grande preocupação é que não faltem alimentos nos supermercados", afirmou ela, ao citar mudanças na demanda devido a novos hábitos alimentares dos brasileiros durante a pandemia de coronavírus, com muitas pessoas ficando em casa após quarentenas decretadas por governos e prefeituras para reduzir a disseminação da doença.
A ministra garantiu que a próxima safra de arroz, que começa a ser plantada agora, ajudará a reduzir os problemas de oferta.
"Esse arroz ele começa a ser colhido em janeiro, em meados de janeiro ele já está sendo colhido, e nós teremos uma safra bem maior... ano que vem teremos um estoque bem maior de arroz", afirmou.
O Ministério da Agricultura disse no final de agosto que avaliava a possibilidade de isentar temporariamente de tarifas importações de arroz, milho e soja de países que não são membros do Mercosul para equilibrar o mercado doméstico e impedir aumentos de preços. [nL1N2FT12R]
(Por Marcela Ayres; com reportagem adicional de Nayara Figueiredo e Luciano Costa; edição de Isabel Versiani e Roberto Samora)