Por Peter Nurse
Investing.com - Os mercados de petróleo continuaram a cair na quarta-feira, com os futuros do petróleo dos EUA despencando para perto de uma mínima em 18 anos após bloqueios sociais e de viagens causados pela epidemia de coronavírus derrubarem a previsão de demanda.
Às 11h58 (horário de Brasília), os futuros do petróleo dos EUA estavam sendo negociados a US$ 23,89 por barril, sua mínima desde maio de 2002. O contrato do índice de referência internacional Brent caía 7,76% para US$ 26,50, sua mínima desde maio de 2003.
O campo de batalha contra o vírus saiu da Ásia se mudou para a Europa e as Américas. O número de mortes continuou a subir na Itália e na Espanha, fazendo com que a União Europeia bloqueasse viajantes de fora do bloco por 30 dias em uma ação sem precedentes para fechar suas fronteiras. Viagens dentro da Europa também foram severamente limitadas por medidas de saúde pública que fecharam a maior parte dos negócios não-essenciais.
O governo de Trump recomendou o fechamento de restaurantes, bares e escolas e montou um plano de estímulo de US$ 1,2 trilhão que mandaria, em pouco tempo, dinheiro a norte-americanos e apoiaria companhias aéreas e outras empresas. No entanto, mesmo essas medidas financeiras provavelmente não serão capazes de impedir um colapso de curto prazo na demanda física por combustível.
Os futuros da gasolina reformulada RBOB permaneciam perto de suas mínimas históricas, a 70,36 por galão, em baixa de 1,1% no dia.
Alguns estão olhando para a China, onde esse coronavírus começou, como o melhor guia para o potencial impacto na demanda.
A economia da China irá crescer 3,4% neste ano, de acordo com a média de 12 previsões feitas desde segunda-feira compilada pela Bloomberg. Essa é a mínima desde uma contração em 1976 - o ano final da Revolução Cultural que destruiu a economia e a sociedade - e ano em que Mao Zedong morreu.
Dados divulgados na segunda-feira mostraram uma queda geral na indústria, nas vendas do varejo e nos investimentos em janeiro e fevereiro, com todos os números atingindo mínimas históricas.
Enquanto isso, a Arábia Saudita ordenou que a estatal Aramco (SE:2222) mantenha seu estoque em um número recorde de 12,3 milhões de barris por dia “nos próximos meses”, sugerindo que o país está determinado a não recuar na guerra de preços com a Rússia.
"A retomada do fornecimento de petróleo a partir de abril após o colapso das negociações da Opep + significa que esses preços fracos provavelmente permanecerão por mais algum tempo", disse o ING em uma nota de pesquisa.
“Preços mais baixos claramente irão prejudicar países exportadores de petróleo, e os iraquianos já pediram que a Opep+ marque uma reunião de emergência. No entanto, com os sauditas e os russos em uma batalha por participação de mercado, é difícil ver qualquer resolução rápida a esse problema”, acrescentou o ING.
Analistas da Rystad Energy estimam que um extra de até 3 milhões de barris por dia poderia chegar ao mercado global em Abril se a Líbia concordar em um cessar fogo em sua guerra civil. Cerca de 1 milhão de barris por dia da capacidade da Líbia está atualmente fora de funcionamento por causa do conflito.