Energia e metais preciosos: Nova droga contra Covid-19 da Merck pode animar os mercados

Publicado 03.10.2021, 05:34
Atualizado 03.10.2021, 13:22
© Reuters.
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Por Barani Krishnan

Investing.com - Esqueça que a Opep+ vai se reunir novamente na segunda-feira. Ou que o relatório de empregos dos EUA para setembro sai sexta-feira.

Em vez disso, pense no anúncio do medicamento contra Covid da Merck (NYSE:MRK) (SA:MRCK34) na última sexta-feira, porque isso pode ser mais importante para risco a curto prazo que qualquer outra coisa.

Para aqueles que se lembram, os ativos globais de risco ganharam um grande fôlego quando as eficácias das vacinas contra Covid-19 foram anunciadas pela primeira vez em novembro ( Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) 95%, Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34) 94%). O Brent, referência internacional para o petróleo, saltou 27% só naquele mês, e já subiu 53% este ano.

Na verdade, ainda é muito cedo para a droga da Merck, o primeiro medicamento oral do seu tipo para o coronavírus. Apesar da euforia inicial com as vacinas, suas implantações não se deram bem como imaginado, com as áreas mais pobres do mundo ainda à espera de doses enquanto a política faz com que exista um grande número de pessoas não vacinadas nos países mais privilegiados.

O que está evidente é que as nações estão pressionando para manter suas economias abertas, apesar do terror da Covid reintroduzido pela variante delta. Mas o que também impede muitas pessoas de retomar uma "vida normal" é o medo da infeção por novos casos que continuam a disparar de vez em quando.

Vale notar que a Merck afirma que a pílula molnupiravir, desenvolvida em conjunto com a Ridgeback Biotherapeutics, reduziu o risco de hospitalização ou morte em aproximadamente 50% entre pacientes não vacinados.

A eficácia do molnupiravir não foi impactada pelo tempo de início dos sintomas ou por fatores de risco subjacentes dos pacientes, mostrou o estudo da Merck. Ele também demonstrou eficácia consistente no tratamento de todas as variantes da Covid, incluindo a delta, atualmente predominante e altamente transmissível.

A Merck diz que já começou a produzir o molnupiravir. A gigante farmacêutica espera produzir 10 milhões de doses de tratamento até o final de 2021, com mais doses sendo produzidas em 2022.

A empresa concordou, no início deste ano, em fornecer aos EUA cerca de 1,7 milhão de doses do molnupiravir, sujeito à autorização de uso emergencial da Food and Drug Administration para o medicamento. O governo federal também tem a opção de comprar doses adicionais se o medicamento for aprovado, disse Jeff Zients, coordenador de resposta do coronavírus da Casa Branca, em uma coletiva na sexta-feira.

A Merck firmou acordos de fornecimento e compra para o medicamento com outros governos, condicionados às autorizações regulatórias, e está em negociações com outros governos para o fornecimento do molnupiravir.

A companhia planeja implementar uma abordagem de preços escalonada com base nos critérios de renda nacional do Banco Mundial, a fim de garantir acesso global ao molnupiravir. A Merck já havia anunciado que tinha firmado acordos de licenciamento voluntários não exclusivos para o molnupiravir com fabricantes de genéricos, uma iniciativa que objetiva ajudar países de baixa e média renda a conseguir acesso ao tratamento. Esses acordos também estão pendentes de aprovação ou autorização de uso emergencial por parte dos reguladores locais.

Enquanto a Merck aguarda a aprovação da FDA para a pílula, a ideia de um divisor de águas que pode ser mais aceitável que uma vacina poderia varrer os mercados em um novo fervor de risco.

Além de galvanizar o apetite por risco, a pílula pode ajudar a estimular a recuperação de empregos em maior número, convencendo o Federal Reserve a decidir com ousadia a respeito da redução de estímulos e eventual aumento de taxas. Sim, os touros que salivam sobre novas altas nos preços do petróleo e das ações também não devem esquecer a perspectiva de uma ação mais rápida por parte do Fed.

Com a ameaça da inflação ficando a cada dia mais fora de controle, colocar as pessoas para trabalhar de volta e consertar as cadeias de suprimento deveria ser uma prioridade maior, mesmo que signifique atrair taxas de juros mais altas que possam moderar o otimismo dos mercados.

Resumo do mercado e dos preços do petróleo

O petróleo teve seu melhor mês em três em setembro, ganhando quase 10%. A commodity também teve uma forte estreia em outubro, com base na euforia com a pílula para Covid da Merck, apesar das notícias de que a Opep+ pretende despejar mais barris no mercado do que o inicialmente planejado.

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, fechou o primeiro pregão de outubro em alta de US$ 0,85, ou 1,1%, a US$ 75,88 por barril. Na semana, o WTI teve aumento de 2,6%. Em setembro, ele teve ganhos de 9,5%, os maiores desde junho. Para o terceiro trimestre, o benchmark do petróleo bruto dos EUA avançou 2%.

O Brent, negociado em Londres e referência global para o petróleo, fechou o pregão de sexta-feira a US$ 79,28, uma alta de US$ 0,97, ou 1,2%. O Brent avançou 1,9% na semana. Em setembro, ele teve ganhos de 7,6%, os maiores desde junho. Para o terceiro trimestre, o benchmark global do petróleo bruto avançou 4,5%.

A Opep+, que inclui a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, grupo de 13 membros liderados pela Arábia Saudita, e um grupo de 10 outros produtores capitaneados pela Rússia, está cogitando ir além do seu acordo atual de impulsionar a produção em 400.000 barris por dia durante a sua reunião na próxima semana, segundo quatro fontes familiarizadas com a linha de raciocínio da aliança.

O movimento ocorre em um cenário de quase três anos de alta nos preços do petróleo e pressão dos consumidores por mais oferta, afirmam essas fontes.

Embora a Opep+ tenha inicialmente represado as demandas por mais petróleo durante o verão do hemisfério norte vindas de uma Casa Branca que tentava conter a inflação, "desta vez é diferente", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA.

"A Opep poderia facilmente justificar uma entrega maior que o aumento gradual de 400.000 bpd em novembro, e provavelmente deveriam levar isso em consideração", disse Moya. "O aperto energético pode desencadear uma volatilidade considerável e diminuir as perspectivas de crescimento global, de modo que a Opep+ deveria considerar um ajuste".

Os preços do gás natural aumentaram 35% na negociação nos EUA em setembro, devido a temores de que todo o hemisfério norte - que abrange a América do Norte, a Europa, os dois terços setentrionais da África e a maior parte da Ásia - pode ficar sem combustível para geração de eletricidade nos próximos meses, além de aquecimento no inverno.

O efeito dominó do gás fez até com que o carvão – a commodity menos amada do mundo em termos de uma perspectiva ambiental – dobrasse de preço. O carvão térmico australiano no Porto de Newcastle, referência para o vasto mercado asiático, subiu 106% este ano para mais de US$ 166 por tonelada métrica, de acordo com os dados de preços do final de setembro.

"As pessoas estão começando a falar a palavra ‘crise’ no que diz respeito à Europa”, John Kilduff, sócio do fundo de hedge energético Again Capital, de Nova York, disse à CNBC. "A Europa está bem na mira da caçapa agora que o inverno se aproxima. Isso vai colocar em evidência essa commodity, que tem sido negligenciada nos últimos anos".

O preço de manter as luzes acesas triplicou na Espanha, reflexo de um aumento mais generalizado nas contas de luz em toda a União Europeia nas últimas semanas. Espanha, Itália, Grécia, Grã-Bretanha e outros países estão planejando medidas nacionais, que vão desde subsídios a limites de preços, com o objetivo de proteger os cidadãos do aumento dos custos enquanto as economias se recuperam da pandemia de Covid-19.

Resumo do mercado e dos preços do ouro

Num sinal de que o pior pode ter terminado – pelo menos por enquanto – o ouro apresentou ganhos modestos no início das negociações de outubro, juntando-se à maioria dos ativos de risco na tentativa de se recuperar da viagem infernal de setembro.

Um recuo tanto no dólar como nos rendimentos do Tesouro dos EUA também ajudou o ouro a registrar uma segunda semana consecutiva de ganhos, ainda que pequenos.

O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA, para dezembro, fechou o pregão de sexta-feira a US$ 1.758,40 por onça na Comex de Nova York, alta de US$ 1,40, ou 0,1%.

Na semana, ele conseguiu avançar 0,4%, apesar da surra de 2% de quinta-feira que contribuiu para a tórrida perda de 3,4% em setembro.

"Podemos estar vendo o ouro aproveitar alguns fluxos de porto seguro à medida que as perspectivas se tornam cada vez mais incertas", afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.

"Será interessante ver se ele consegue manter esses ganhos se a aversão ao risco continuar nas próximas semanas. Ainda existem muitos obstáculos para uma alta, fazendo com que qualquer escalada seja muito desafiadora. O primeiro desses obstáculos é o patamar de US$ 1.760, onde ele bateu sua resistência ontem, seguido dos US$ 1.780".

Calendário dos mercados de energia

Segunda-feira, 4 de outubro

Estimativas Cushing de estoque bruto (privado)

Terça-feira, 5 de outubro

Relatório semanal de estoques de petróleo do American Petroleum Institute

Quarta-feira, 6 de outubro

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de petróleo bruto

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de gasolina

Relatório semanal da EIA sobre os estoques de destilados

Quinta-feira, 7 de outubro

Relatório semanal da EIA sobre armazenamento de gás natural

Sexta-feira, 8 de outubro

Pesquisa semanal da Baker Hughes sobre plataformas de petróleo dos EUA

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan emprega inúmeros pontos de vista além do seu próprio a fim de trazer diversidade à sua análise de qualquer mercado. Por questões de neutralidade, ele às vezes apresenta visões contraditórias e variáveis do mercado. Ele não detém posição nas commodities e valores mobiliários sobre os quais escreve.

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