Por Tom Polansek
CHICAGO (Reuters) - A Bunge reduziu o volume de seus carregamentos de grãos de soja com destino à China, maior importador mundial da oleaginosa, depois de ter superestimado a demanda em projeções realizadas no fim do ano passado, disse o presidente-executivo da companhia, Soren Schroder, nesta quinta-feira.
A decisão de reduzir a escala dos embarques para o país mais populoso do mundo reflete o impacto da redução no ritmo do crescimento econômico chinês sobre uma das maiorias companhia do agronegócio no mundo.
A Bunge, uma das principais processadoras mundiais de grãos de soja, normalmente possui carregamentos contínuos de soja destinados à China a partir de países produtores como o Brasil, "como uma esteira rolante flutuante", disse Schroder.
No entanto, no fim de dezembro a companhia sofreu um prejuízo de 30 milhões de dólares com a queda no preço da soja estocada para ser enviada à China, que recuou a valores abaixo do pago pela Bunge na compra da commodity, disse Schroder.
A Bunge equivocadamente esperou por um aumento de demanda, acrescentou ele em uma entrevista após a companhia relatar resultados abaixo das expectativas no quarto trimestre de 2014.
"Estamos reduzindo progressivamente o tamanho do fornecimento que temos fluindo para a China, de modo a reduzir o risco da operação, para que não tenhamos coisas como as que acabaram de acontecer novamente", disse ele à Reuters.
A economia chinesa em arrefecimento --os 7,4 por cento de crescimento em 2014 foram a taxa mais baixa em 24 anos-- tem causado efeitos sobre os mercados globais, pois o país é o maior comprador do mundo de minério de ferro, cobre e soja, e segundo maior importador de petróleo, atrás apenas dos EUA.
A China importou 6,88 milhões de toneladas de soja no mês passado, abaixo do recorde estabelecido em dezembro mas acima das 5,9 milhões de toneladas importadas em janeiro do ano passado. A grande importação e uma demanda mais fraca têm resultado em baixas margens de lucro.
"Julgamos mal a demanda e o momento dela em um par de pontos percentuais", disse Schroder.
A Bunge espera que as condições de mercado melhorem na China, onde ficam sediados entre 10 e 15 por cento de toda a operação de processamento de grãos da companhia, embora acredite que a situação continue desafiadora.
Os lucros trimestrais ficaram abaixo das projeções, e "uma grande parte disso está relacionada a como gerimos o fornecimento para a China", disse Schroder.
Compradores chineses causaram um aumento dos preços da soja norte-americana no início da safra que começou em 1 de setembro do ano passado, somente para ver os preços caírem com força em seguida, ante a previsão de safras recordes na América do Sul.
Compradores chineses cancelaram ao menos 579.000 toneladas em compras de soja dos Estados Unidos durante a segunda metade de janeiro, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
(Reportagem adicional de Mark Weinraub em Chicago)