Por Roberto Samora
SANTOS (Reuters) - A exportação total de café do Brasil deverá fechar em um volume recorde no ano comercial 2023/24 (julho/junho), afirmou nesta quarta-feira o diretor comercial da Eisa, um dos cinco maiores exportadores de café do país, enquanto o diretor-geral do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) também indicou que o país caminha em direção a uma nova máxima, preenchendo espaços deixados no mercado global pela menor oferta de países como Vietnã e Indonésia.
Em entrevista à Reuters no intervalo do Seminário Internacional do Café, em Santos, o diretor comercial da Eisa, Carlos Alberto Santana, estimou a exportação total de café do país, maior produtor e exportador global, em cerca de 46,3 milhões de sacas de 60 kg em 23/24.
Esse volume representa uma forte recuperação na comparação com a temporada anterior, quando os embarques somaram 35,6 milhões de sacas, após o Brasil sofrer com duas safras baixas atingidas por seca e geadas, segundo dados do Cecafé.
O aumento de mais de 10 milhões de sacas de um ano para outro deverá acontecer em meio a "preços excelentes" que impulsionaram negócios de produtores, que estão vendendo seus estoques. As cotações globais vêm sendo sustentadas por menor oferta em outros importantes países produtores.
"O Brasil, na nossa opinião, vai ter um recorde de exportação na safra 2023/24, ainda tem junho... achamos que vai ser a maior exportação da história do Brasil... consequência de estoques que vinham sendo carregados no Brasil, sobretudo na mão do produtor", afirmou o diretor da Eisa, subsidiária do grupo suíço Ecom, que tem 175 anos de história.
No acumulado da safra 2023/24 até abril, a exportação total de café do Brasil soma 39,3 milhões de sacas, ante 39,9 milhões de sacas do mesmo período de 2020/21, ano que até o momento detém a máxima histórica, com 45,6 milhões de sacas no ano fechado, segundo dados do Cecafé.
Santana lembrou que a estrutura do mercado hoje, "invertido", não permite que o exportador carregue estoques de café. E afirmou que a nova safra de café do Brasil, que começou a ser colhida, deverá ser "ligeiramente maior" do que a anterior, o que dá indicação de que as exportações seguirão robustas e tranquilidade para produtores que estão vendendo estoques.
BOLA NO GOL (BVMF:GOLL4)
O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, citou em entrevista à Reuters as exportações recordes de café canéforas (conilon e robusta) brasileiros, com o Brasil ganhando mercado do Vietnã e Indonésia, à medida que sua safra tem crescido nos últimos anos.
"Arábica, conilon, que vai entrar na história, está todo mundo crescendo", afirmou ele, lembrando que desde outubro as exportações brasileiras estão fortes.
Ele lembrou que em relação ao ano recorde anterior (2020/21) a exportação brasileira ainda está um pouco abaixo, "mas acontece que estamos acelerados, então é possível um novo recorde".
Matos disse que agora será preciso acompanhar a movimentação do porto de Santos, o principal para escoamento de café do Brasil, e as condições logísticas, que muitas vezes atrasam os embarques.
"Mas o que é interessante é que estamos em patamares (de exportação) de safra recorde. Ou empata com 20/21 -- vai depender de como será o últimos dois meses --, mas é bem provável que vivamos o nosso melhor momento, se a bola vai entrar ou vai bater na trave, não temos como saber, porque vai depender do porto."
Participantes do mercado reunidos no seminário citaram também a forte demanda pelo café do Brasil, não somente da China, mas de outros países asiáticos, que são novos mercados, para o impulso das exportações.
(Por Roberto Samora)