Grupo Brasilinvest aportará US$500 mi em projeto de "supercana" idealizado por Eike Batista

Publicado 25.02.2025, 18:28
Atualizado 25.02.2025, 18:30
© Reuters. Colheita de cana em Pradópolis

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O grupo de investimentos Brasilinvest, do empresário Mário Garnero, se comprometeu em aportar US$500 milhões em um projeto de "supercana" idealizado pelo empresário Eike Batista, anunciaram executivos envolvidos no negócio nesta terça-feira em evento no Rio de Janeiro.

O projeto promete utilizar uma tecnologia de cruzamento genético de cana-de-açúcar, que permitiria a produção de até três vezes mais etanol por hectare e até 12 vezes mais bagaço por hectare, segundo esses executivos.

Com o aporte da Brasilinvest, que contou com recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos Estados Unidos, a empresa que detém o projeto BRXe planeja desenvolver 70 mil hectares da "supercana" e três unidades de moagem de cana de 4 milhões de toneladas cada.

Pelo projeto, o empreendimento teria uma capacidade anual de produção de 1,08 bilhão de litros de etanol e 537,6 milhões de litros de combustível sustentável de aviação (SAF) em 2031.

O anúncio do projeto, feito no restaurante de Eike Batista Mr. Lam, no bairro carioca da Lagoa, contou com uma apresentação de mais de 80 páginas do empresário, que não será sócio do empreendimento inicialmente, devido a problemas judiciais, mas terá direito a subscrição posterior sujeita a performance.

"Vocês imaginem produzir até três vezes mais etanol por hectare e até 12 vezes mais bagaço dependendo do terroir. O Brasil é muito grande, tem áreas mais e menos secas, mas a produtividade mínima já é espetacular", afirmou Batista, que disse ter aportado "inteligência" no projeto.

Garnero anunciou o aporte no evento por meio de um vídeo gravado, uma vez que se recupera de problemas recentes de saúde.

A empresa BRXe, que receberá o aporte, hoje é detida por Luis Rubio e Sizuo Matsuoka, que vêm estudando novas variedades de cana há mais de uma década, segundo Rubio, presente no evento. Na transação, Garnero passará a deter 40% da empresa, enquanto o restante permanecerá nas mãos dos antigos sócios.

Projetos baseados em cana com maior teor de biomassa, visando mais a produção de etanol do que açúcar, eram vistos como mais promissores no passado, antes de o setor passar a focar mais no adoçante, que tem remunerado mais do que o biocombustível nos últimos anos. Mas ideia apresentada por Eike busca aproveitar a matéria-prima para a produção de SAF, cuja demanda tem potencial de ser explosiva, se o setor aéreo levar adiante suas metas de descarbonização.

"A gente desenvolve o que a gente chama de supercana, que são variedades que têm proporcionalmente um pouco menos de açúcar, mas produzem muito mais biomassa por hectare, que é o que importa", afirmou Rubio.

A BRXe, segundo Rubio, já investiu mais de 350 milhões de reais na supercana.

O empresário destacou que, junto com Eike, a BRXe desenvolveu usos mais nobres para a biomassa, prevendo também a criação de fábricas de embalagens no Brasil e no exterior.

A ideia é que as instalações industriais para produzir os derivados de cana sejam estabelecidas no norte do Estado do Rio de Janeiro, próximo ao Porto do Açu. A companhia ainda irá fechar contratos para uso das terras e, segundo Rubio, já há negociações em andamento.

Atualmente, a BRXe tem 53 funcionários e 200 hectares onde estão as plantações de cana nas cidades de Paraguaçu Paulista e Araras, em São Paulo. Rubio estima que a empresa comece a trazer mudas da supercana ao Rio de Janeiro ainda neste ano.

A BRXe também poderá investir em outro módulo de 70 mil hectares, com recursos que poderão ser levantados a partir do lançamento de um token na rede blockchain da Solana, cujas vendas iniciais começaram hoje.

(Por Marta Nogueira)

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