Irã ameaça bloquear corredor planejado por Trump em acordo de paz entre Azerbaijão e Armênia

Publicado 09.08.2025, 14:15
Atualizado 09.08.2025, 14:20
© Reuters.

Por Parisa Hafezi e Andrew Osborn

DUBAI/MOSCOU (Reuters) - O Irã ameaçou no sábado bloquear um corredor planejado no Cáucaso sob um acordo regional patrocinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou a mídia iraniana, levantando um novo ponto de interrogação sobre um plano de paz saudado como uma mudança estrategicamente importante.

Um importante diplomata azerbaijano disse que o plano, anunciado por Trump na sexta-feira, era apenas um passo para um acordo de paz final entre seu país e a Armênia, que reiterou seu apoio ao plano.

A proposta da Rota de Trump para a Paz e Prosperidade Internacional (Tripp, na sigla em inglês) atravessaria o sul da Armênia, dando ao Azerbaijão uma rota direta para seu enclave de Nakhchivan e, por sua vez, para a Turquia.

Os EUA teriam direitos exclusivos de desenvolvimento do corredor, que, segundo a Casa Branca, facilitaria maiores exportações de energia e outros recursos.

Não ficou imediatamente claro como o Irã, que faz fronteira com a área, iria bloqueá-lo, mas a declaração de Ali Akbar Velayati, principal conselheiro do líder supremo do Irã, levantou questionamentos sobre sua segurança.

Ele disse que exercícios militares realizados no noroeste do Irã demonstraram a prontidão e a determinação da República Islâmica em evitar qualquer mudança geopolítica.

"Esse corredor não se tornará uma passagem de propriedade de Trump, mas sim um cemitério para os mercenários de Trump", disse Velayati.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã saudou anteriormente o acordo "como um passo importante em direção à paz regional duradoura", mas advertiu contra qualquer intervenção estrangeira perto de suas fronteiras que possa "minar a segurança e a estabilidade duradoura da região".

Analistas e especialistas afirmam que o Irã, sob crescente pressão dos EUA em relação ao seu programa nuclear e às consequências de uma guerra de 12 dias com Israel em junho, não tem poder militar para bloquear o corredor.

MOSCOU DIZ QUE OCIDENTE DEVE SE AFASTAR

Trump recebeu o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, na Casa Branca, na sexta-feira, e testemunhou a assinatura de uma declaração conjunta com o objetivo de estabelecer um limite para o conflito de décadas.

A Rússia, tradicional mediadora e aliada da Armênia na região estrategicamente importante do sul do Cáucaso, que é atravessada por oleodutos e gasodutos, não foi incluída, apesar de seus guardas de fronteira estarem posicionados na fronteira entre a Armênia e o Irã.

Embora Moscou tenha dito apoiar a cúpula, propôs "a implementação de soluções desenvolvidas pelos próprios países da região com o apoio de seus vizinhos imediatos -- Rússia, Irã e Turquia" para evitar o que chamou de "triste experiência" dos esforços ocidentais de mediação no Oriente Médio.

A Turquia, membro da Otan, aliada próxima do Azerbaijão, saudou o acordo.

Baku e Yerevan estão em conflito desde o final da década de 1980, quando Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa do Azerbaijão habitada em sua maioria por armênios étnicos, separou-se do Azerbaijão com o apoio da Armênia. O Azerbaijão retomou o controle total da região em 2023, levando quase todos os 100.000 armênios étnicos do território a fugir para a Armênia.

(Reportagem adicional de Maxim Rodionov e redação de Dubai)

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