RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma linha de transmissão de energia da hidrelétrica de Belo Monte, que levará do Norte ao Sudeste a produção da usina, entrou em operação comercial na terça-feira, com dois meses de antecedência, depois de a chinesa State Grid e a Eletrobras (SA:ELET3) recuperarem o atraso das obras.
Ao anunciar o início da operação nesta quarta-feira, o Ministério de Minas e Energia destacou que o chamado "linhão" superou desafios durante a construção. Os empreendedores, formados por uma sociedade entre a State Grid e Eletrobras, enfrentaram problemas como protestos da população local que paralisaram a obra.
Originalmente, a energia de Belo Monte seria escoada primeiro por uma grande linha sob responsabilidade da Abengoa, mas a empresa abandonou o empreendimento em meio a uma crise financeira no final de 2015.
Com mais de 2 mil quilômetros em extensão, a operação do linhão é vista como fundamental por autoridades brasileiras, uma vez que a falta de capacidade para levar a energia de Belo Monte ao sistema elétrico --com os problemas da Abengoa-- já impedia a usina no rio Xingu de ligar turbinas adicionais.
A limitação ainda aconteceu em um momento de alta nos custos da eletricidade no Brasil devido ao baixo nível nos reservatórios de hidrelétricas, principal fonte de energia do país.
Com a antecipação da entrada em operação do linhão, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou no início do mês que seria descartado o uso de térmicas mais caras, ajudando a aliviar algumas preocupações vistas recentemente sobre custos aos consumidores.
Considerada a maior linha de transmissão de corrente contínua da América Latina, o linhão teve investimento aproximado de 5 bilhões de reais.
A sociedade de propósito específico Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), formada por State Grid Brazil Holding (51 por cento), Furnas Centrais Elétricas (24,5 por cento) e Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte (24,5 por cento), foi a responsável pela construção do empreendimento que entrou em operação.
(Por Marta Nogueira)