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Menor tensão geopolítica não impedirá petróleo de subir a US$ 80 - Citi

Publicado 22.08.2024, 12:35
© Reuters.
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Investing.com — Os preços do petróleo registravam alta no início da tarde desta quinta-feira, com o barril de Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), se valorizando 1,33%, a US$ 77,07, enquanto o WTI, referência nos EUA, subia na mesma magnitude, cotado a US$ 72,84 por barril.

Em uma análise recente sobre o mercado petrolífero, o Citi considera que a pressão de baixa exercida pela diminuição das tensões geopolíticas poderia representar uma oportunidade de compra no curto prazo. O banco destaca vários fatores capazes de induzir uma retomada nos preços do petróleo, possivelmente atingindo a faixa dos US$ 80 por barril.

A redução recente nos preços do Brent está fortemente atrelada a eventos geopolíticos, especialmente em Gaza, onde um cessar-fogo parece iminente, reduzindo riscos imediatos. Além disso, a desaceleração econômica na China, evidenciada pela queda na produção industrial, contribuiu para uma visão mais reservada sobre a demanda por petróleo.

Esses fatores resultaram em uma diminuição no prêmio de risco geopolítico para a commodity, que foi ainda mais pressionada por dados fracos de importação de petróleo da China e uma demanda moderada por destilados médios nos EUA.

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Riscos permanecem

Contudo, o Citi ressalta que os riscos geopolíticos estão longe de ser totalmente dissipados. A possibilidade de interrupções causadas pelo clima durante a temporada de furacões, bem como as tensões contínuas no Norte da África e no Oriente Médio, podem sustentar os preços do petróleo no curto prazo.

A configuração atual do mercado, que se encontra historicamente em posição vendida, também indica um potencial para recuperação, especialmente se os preços do Brent permanecerem acima do nível de US$ 75 por barril.

Nos Estados Unidos, os dados recentes da Administração de Informações de Energia (EIA) revelaram-se mistos, porém tendendo ao otimismo para o petróleo. Os estoques comerciais de petróleo bruto diminuíram 4,6 milhões de barris, para 426 milhões de barris, ultrapassando a expectativa da Bloomberg de uma redução de 1,9 milhão de barris, acrescentou o Citi.

Também houve um pequeno aumento nas operações de refino, com crescimento nas exportações e importações brutas de petróleo, resultando em um ligeiro aumento nas importações líquidas.

Os estoques de gasolina reduziram-se em 1,6 milhão de barris, seguindo a tendência de redução de estoques dos principais produtos petrolíferos. Os estoques de destilados tiveram uma queda significativa de 3,3 milhões de barris, reforçando a perspectiva otimista para o petróleo bruto. Apesar dessas reduções, os estoques de combustível de aviação tiveram um leve aumento, e os estoques de etanol cresceram, apresentando um quadro variado para os produtos refinados.

A posição especulativa no complexo Brent da ICE enfrentou desafios em agosto, com uma notável falta de entusiasmo pelo lado da compra. No entanto, a relação de posições compradas geridas por dinheiro (MM) para vendidas no Brent melhorou para 1,6 vezes, recuperando-se dos mínimos da pandemia.

Do ponto de vista técnico, a média móvel de 200 dias do Brent, situada em US$ 82,5 por barril, está agindo como um forte nível de resistência, enquanto o suporte mantém-se em torno de US$ 75 por barril. Esta configuração técnica poderia fomentar mais compras caso o Brent se aproxime da extremidade inferior dessa faixa.Gráfico horário do petróleo Brent - Investing.com

Perspectivas futuras

Olhando para o futuro, o banco sugere que a Opep+ poderá enfrentar decisões difíceis nos próximos meses. O grupo espera começar a aliviar os cortes de produção em outubro, mas se os preços do Brent continuarem a declinar em direção aos baixos US$ 70 por barril, medidas adicionais podem ser consideradas para estabilizar o mercado.

Isso poderia incluir a extensão ou intensificação dos cortes de produção atuais. A Opep+ provavelmente defenderá o nível de US$ 70 por barril, especialmente considerando a projeção do grupo de um crescimento na demanda global de petróleo de 2,1 milhões de barris por dia (b/d), a previsão mais alta entre as principais agências.

"Cortes nas operações de refinarias podem ser esperados, pois as margens do gasóleo caíram acentuadamente na última semana, diminuindo as margens para as refinarias", disseram os analistas.

As margens de refino estão sob pressão, especialmente porque as margens do gasóleo caíram abaixo de US$ 17 por barril nas últimas sessões. Essa redução poderia levar a cortes nas operações de refinaria, especialmente com manutenções programadas na Europa e possíveis interrupções nas exportações russas.

Apesar disso, o Citi espera uma possível recuperação nas margens do gasóleo à medida que a temporada de inverno se aproxima, podendo potencialmente recuperar a faixa de US$ 20 por barril.

Fundamentos pesam contra o petróleo - Piper Sandler

Em direção contrária, os analistas do Piper Sandler consideram que o mercado global de petróleo enfrenta atualmente vários ventos contrários capazes de levá-lo a preços mais baixos. Apesar de breves altas, o mercado tem enfrentado dificuldades para manter o ímpeto de alta, em sua visão.

Os analistas examinam os principais fatores que contribuem para essa perspectiva pessimista, incluindo demanda fraca, preocupações com excesso de oferta e o ambiente macroeconômico mais amplo.

Demanda é ponto de atenção

Um dos principais motores da queda antecipada nos preços do petróleo é a persistente fraqueza na demanda global.

O banco destaca vários indicadores preocupantes, especialmente da China, o maior importador de petróleo do mundo. Dados revisados sobre os estoques e demanda de produtos petrolíferos da China revelam uma contração significativa no consumo.

De março a julho de 2024, a demanda final de produtos da China diminuiu 500.000 barris por dia (kb/d) ano a ano, sem sinais de recuperação imediata. Essa queda na demanda é refletida em outras grandes economias, onde a atividade industrial e a demanda por transporte permanecem moderadas.

Além da fraca demanda da China, a demanda global por diesel também tem apresentado desempenho abaixo do esperado.

"Fato é que a demanda por destilados médios não está forte em lugar algum. O crescimento global da demanda por diesel é negativo no último trimestre móvel encerrado em junho e parece improvável que melhore em julho/agosto", disseram os analistas.

No lado da oferta, a situação é igualmente preocupante. O mercado futuro mostrou uma estrutura consistente de contango, onde os preços futuros do petróleo são mais altos que os atuais, indicando expectativas de um excesso de oferta.

Os analistas do Piper apontam que, apesar das recentes tentativas de gerenciar a oferta, a Opep e seus aliados estão enfrentando dificuldades para estabilizar o mercado. A nota enfatiza que a Opep precisará implementar mais cortes de produção à medida que o mercado entra no quarto trimestre de 2024 para evitar uma queda significativa nos preços.

Além disso, os níveis de estoque, particularmente nos Estados Unidos, permaneceram elevados. Esse excedente é agravado pela fraca demanda global e níveis robustos de produção de produtores chave, como EUA, Arábia Saudita e Rússia.

Os altos níveis de estoque criam uma pressão adicional para baixo nos preços, enquanto o mercado luta para absorver o excesso de oferta.

O ambiente macroeconômico mais amplo também está contribuindo para a perspectiva pessimista para o petróleo. O crescimento econômico global está desacelerando, com indicadores-chave, como a produção industrial e os volumes de comércio, apontando para uma desaceleração.

A nota destaca que as taxas de juros crescentes nas economias desenvolvidas, particularmente nos EUA, provavelmente restringirão os gastos do consumidor e a produção industrial, reduzindo ainda mais a demanda por petróleo.

Além disso, as políticas econômicas da China falharam em estimular o tipo de crescimento necessário para apoiar preços mais altos do petróleo. Os analistas mencionam que, apesar de alguns ajustes políticos, as medidas de Pequim não foram suficientes para impulsionar a atividade econômica a níveis que impactariam significativamente a demanda global por petróleo.

A análise técnica do mercado de petróleo também apoia o caso pessimista. O Piper observa que os níveis de suporte críticos foram rompidos nas sessões de negociação recentes, sem indicadores claros de uma reversão iminente. A nota menciona que o sentimento no mercado permanece próximo ao "fundo do poço", com posições especulativas em futuros de Brent mostrando um declínio acentuado.

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