SÃO PAULO (Reuters) - A Minerva (BVMF:BEEF3) Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, avalia que as exportações brasileiras deverão se acelerar nas próximas semanas, com a China retomando as compras do produto do Brasil após uma suspensão temporária de um mês entre fevereiro e março.
"Com a recente retomada de exportações do Brasil para a China, a gente continua bastante confiante nas perspectivas e oportunidades desse mercado a partir do segundo e terceiro trimestres", disse o diretor financeiro da empresa, Edison Ticle, nesta quarta-feira, durante teleconferência de resultados.
Segundo ele, "essa dinâmica ganha força semana a semana, com a reabertura de food service, nível de mobilidade das pessoas, retomada de turismo e eventos, além de outros vetores que aceleram o consumo de carne bovina e pressionam os estoques na China", disse Ticle.
Com a retomada do principal mercado da Minerva, após suspensão das importações de carne brasileira pelos chineses por um caso atípico de "doença da vaca louca", o diretor disse que as margens da companhia no segundo trimestre já estão melhores do que as vistas no início do ano.
"Temos uma visão muito otimista para terceiro e quatro tri deste ano", acrescentou o executivo, em referência principalmente a exportações, já que não vê muita força no mercado brasileiro.
Ainda sobre o cenário de exportação, os executivos da Minerva afirmaram que as dificuldades de oferta de bovinos nos Estados Unidos e um ciclo pecuário agora favorável para a produção no Brasil devem favorecer a empresa.
"O aumento da disponibilidade de animais no Brasil... combinada com a restrição da oferta nos Estados Unidos proporcionam oportunidades únicas", disse o diretor-presidente da Minerva Foods, Fernando Queiroz.
Ele citou ainda que recentes surtos de gripe aviária e a persistente peste suína africana na China também atraem demanda para a carne bovina.
SECEX
O CFO disse ainda que os embarques de carne bovina do Brasil estão maiores do que os registrados pelo governo.
"As estatísticas da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) estão bastante defasadas, o que se vê semanalmente não é a realidade que estamos tendo nos embarques nem nas transações fechadas", disse o executivo.
Ele disse que isso ocorre em outros setores, que muitas vezes veem "atraso de dois meses" nas informações, embora tenha acrescentado a Secex é uma "boa bússola", mas que é preciso analisar as informações com "um pouco de cuidado".
Pelos dados da Secex, as exportações de carne bovina in natura caíram em abril para cerca de 110 mil toneladas, versus aproximadamente 160 mil toneladas no mesmo mês de 2022.
Na primeira semana de maio, a secretaria já aponta um aumento de mais de 50% na média diária dos embarques.
(Por Roberto Samora)