Os pedidos de recuperação judicial de proprietários rurais que atuam como pessoas físicas tiveram uma alta de 535% em 2023, com 127 solicitações, ante somente 20 em 2022. O levantamento foi feito pela Serasa Experian (LON:EXPN). Entre o 3º e o 4º trimestre do ano passado, o aumento foi de 62%. As informações são da agência Reuters.
No 4º trimestre de 2023, foram contabilizados 47 pedidos de recuperação. Em 2022, foram 4 no mesmo período. Os efeitos da seca para a safra de soja e os preços mais baixos do milho são apontados como fatores que contribuíram para afetar a rentabilidade do segmento.
A Serasa aponta que os produtores que mais fizeram solicitações foram os com maiores áreas de plantio de soja. Em seguida, vêm os que têm maiores áreas de pastagem e, depois, os cafeicultores.
O Estado que registrou o maior número de pedidos foi o Mato Grosso, com 43, seguido por Goiás (36), Minas Gerais (18) e Mato Grosso do Sul (10). Grandes proprietários agrícolas fizeram 35 solicitações em 2023, ante 5 no ano anterior. Já entre os arrendatários de terras foram 44 pedidos, contra 8 no ano anterior.
Segundo o diretor de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, “a velocidade em que essas solicitações vêm crescendo trimestre a trimestre é preocupante”. Para ele, além das questões climáticas, que levam às quedas de safra em diversas regiões, o cenário econômico também contribui para a instabilidade financeira no campo.
“No cenário atual de rentabilidade do produtor rural mais apertada, taxas de juros ainda altas e perspectiva baixista de preços internacionais de grãos, a necessidade de estímulos para regularizar compromissos financeiros é cada vez maior”, afirmou.
Paulo Souza, CEO da unidade brasileira da processadora de grãos Cargill, também disse que a situação “traz muita preocupação ao setor”.
Em fevereiro, a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) disse ver com preocupação o aumento dos pedidos de recuperação judicial de agricultores no Brasil. Segundo a entidade, a situação pode comprometer a execução de contratos de grãos.
Apesar do aumento nos pedidos de recuperação judicial, a maior parte do agronegócio brasileiro tem conseguido “superar barreiras e se manter produtiva sem arriscar sua reputação de crédito no mercado”, segundo a Serasa.