Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo registravam forte desvalorização na terça-feira, devido a maiores restrições contra a Covid na China, maior país importador de petróleo do mundo, à valorização do dólar e preocupações com a desaceleração da economia mundial.
Às 11h50 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano cedia 7,15%, a US$ 96,78 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 6,69%, a US$ 99,88, no mercado futuro.
O contrato futuro de gasolina RBOB nos EUA baixava 5,91%, a US$ 3,2571 por galão.
Diversas cidades chinesas passaram a adotar novas restrições contra a Covid-19, desde fechamentos de empresas até bloqueios mais amplos, num esforço para conter novas infecções da subvariante BA.5.2.1 altamente infecciosa do vírus.
Autoridades de Xangai identificaram a nova subvariante da cepa BA.5 da ômicron, que agora é a predominante, no fim de semana, e a velocidade com que ela parece se disseminar está gerando preocupações.
“O governo chinês resolveu adotar uma política de Covid-19 zero no passado, a qual prevê a imposição de rígidos bloqueios, testes, quarentenas, etc.”, disse Michalis Efthymiou, analista da NAGA. “Como a China é o maior país importador de petróleo do mundo, os investidores temem que os lockdowns resultem em uma drástica redução da demanda.”
O que pesava ainda mais sobre o sentimento do mercado petrolífero era a valorização do dólar, com o euro sendo negociado em paridade com a moeda americana, de acordo com alguns sistemas de negociação, pela primeira vez em 20 anos.
O dólar mais forte geralmente prejudica o petróleo, na medida em que a commodity precificada na moeda americana fica mais cara para detentores de outras divisas.
Apesar desses fatores e de temores de que um aperto agressivo do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), em particular, acabe provocando uma recessão mundial, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo não vê qualquer alívio para os consumidores em 2023.
O cartel espera que o crescimento da demanda mundial de petróleo supere o aumento da oferta em 1 milhão de barris por dia no ano que vem, de acordo com seu último relatório mensal. O grupo prevê que a demanda global terá uma expansão de 2,7 milhões de barris por dia no próximo ano, impulsionada pelo crescimento das economias emergentes, enquanto a oferta fora da Opep deve aumentar em 1,7 milhão de barris por dia.
Para preencher essa lacuna, a Opep precisaria elevar significativamente sua produção, mas os membros do grupo continuam produzindo abaixo do necessário neste momento devido ao subinvestimento e à instabilidade política.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve viajar à Arábia Saudita no fim desta semana, a fim de tentar negociar um aumento da produção de petróleo por parte do principal player do cartel e um dos poucos que ainda têm capacidade excedente.
No entanto, espera-se que a reunião gere poucos resultados, indicando que a restrição global no fornecimento de energia deve piorar.
“O mundo nunca testemunhou uma crise energética tão grande em termos de profundidade e complexidade”, afirmou Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, nesta terça-feira. “Tudo indica que ainda não vimos o pior, e isso está afetando todo o mundo”.
Mais tarde na sessão, o Instituto Americano do Petróleo fornecerá sua estimativa para a oferta semanal de petróleo nos EUA.