Por Barani Krishnan
Investing.com -- O tão esperado preço de três dígitos para o petróleo bruto está finalmente aqui - sete anos, cinco meses e 15 dias depois, para ser mais preciso.
A última vez que o {Brent foi negociado a US$ 100 ou mais por barril foi em 9 de setembro de 2014.
No pregão de quinta-feira, a referência mundial para o petróleo subiu até US$ 102,23 depois que Vladimir Putin finalmente desistiu da farsa de dançar em torno da Ucrânia e direcionou a força total do poderio invasivo da Rússia para seu vizinho - cumprindo a ameaça que a Casa Branca e o resto do Mundo Ocidental haviam alertado durante meses.
Às 16h30, o brent estava cotado a U$ 95,31, alta de 1,23%.
"Se você tivesse que descrever o pior cenário sobre o mercado mundial de petróleo ... é este", disse Phil Flynn, analista de energia do Price Futures Group, de Chicago. "Este é um desastre completo e total agora. Vladimir Putin está basicamente controlando a Europa neste momento com o fornecimento de petróleo e gás. E nós não podemos fazer nada para impedir isso".
Os futuros do gás natural no Henry Hub de Nova York subiram 6%, para uma máxima no pregão de US$ 4,94 por unidade térmica, com as notícias de que Putin havia ordenado uma ação militar "especial" visando a "desmilitarização" e a "desnazificação" da Ucrânia.
Os preços do petróleo e do gás podem subir ainda mais dependendo das novas sanções que a Casa Branca e seus aliados europeus venham a impor à Rússia - e a possível retaliação de Moscou, que poderia reduzir suas próprias exportações de energia para o Ocidente em retorno ao golpe financeiro que estará sofrendo.
"Há uma enorme incerteza em relação ao quanto a situação irá piorar na Ucrânia e que impacto isso terá sobre o fornecimento de petróleo e gás. A reação instintiva tem sido forte e podemos ver os preços se estabilizarem se não ocorrerem mais escaladas importantes. Infelizmente, esse é um gigantesco "se", considerando-se como o dia de hoje se desdobrou".
A Rússia produz cerca de 10,5 milhões de barris de petróleo bruto por dia, ou cerca de 11% do fornecimento mundial, de acordo com a U.S. Energy Information Administration.
Tanto os Estados Unidos quanto a Alemanha já agiram em relação ao gasoduto Nord Stream 2 - um projeto queridinho de Putin.
Mas Berlim segurou uma decisão quanto aos gasodutos Nord Stream 1 e Yamal, mais importantes, que a Rússia ainda opera na Europa. Esta é a rede que a Europa provavelmente vai querer preservar para, literalmente, manter as luzes - e o calor - ligadas em todo o bloco. Aproximadamente um terço do gás queimado na Europa vem desta fonte.
Daqui em diante, a Europa provavelmente terá que contar com importações do mercado liquefeito dos EUA em meio ao declínio das exportações da África e das limitadas possibilidades da Europa de aumentar sua própria produção de gás.
"Mais adiante, em 2022 e em 2023, vemos um risco de que os balanços europeus possam vivenciar um déficit, deixando a região dependente do GNL, o que teria impacto nos fluxos globais", disse Sindre Knutsson, diretor de Pesquisa de Mercados de Gás da Rystad Energy.
"Isso significa que a Europa terá que competir com compradores globais por cargas adicionais de GNL, o que aumentará significativamente os preços".
As exportações de GNL dos EUA aumentaram em mais de 3 bilhões de pés cúbicos por dia (bpc/d) em 2021 em relação aos níveis de 2020, para uma média de 9,8 bpc/d em 2021.
Tudo permanecendo constante, o crescimento das exportações de GNL deverá continuar este ano e no próximo, atingindo 11,5 bpc/d na média para 2022 e 12,1 bpc/d em 2023, de acordo com as projeções da EIA.
Com base nos preços, o GNL passou de mínimas históricas abaixo de US$ 2 por unidade em 2020 para máximas históricas de US$ 56 em outubro de 2021. Os preços de referência atualmente são de cerca de US$ 25 por unidade.