Por Peter Nurse
Investing.com -- Os preços do petróleo dispararam na segunda-feira após as principais nações europeias avaliarem se unir aos EUA no embargo às exportações de petróleo russo, restringindo ainda mais a oferta global.
Às 12h30 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços para os EUA, eram negociados com alta de 4,84%, a US$ 108,12 por barril, enquanto o contrato do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, subia 5,27%, para US$ 113,63.
Os países da União Europeia se reúnem na segunda-feira antes da chegada do Presidente dos EUA, Joe Biden, no final desta semana, para participarem numa série de cúpulas que visam endurecer a resposta do Ocidente a Moscou por sua invasão da Ucrânia.
Os EUA e o Reino Unido já anunciaram planos para abandonarem o petróleo russo, uma medida que os governos da UE têm evitado até agora, dada a sua forte dependência do petróleo e do gás da Rússia.
No entanto, as sanções atualmente em vigor para punir Moscou por sua invasão da Ucrânia não tiveram um impacto imediato, e com a intensificação do conflito, o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o bloco está pronto para discutir a inclusão da energia numa nova rodada de medidas punitivas.
Somando-se às preocupações sobre as limitações do mercado global, os ataques do grupo Houthi, do Iêmen, alinhado ao Irã, causaram uma queda temporária da produção numa refinaria da Saudi Aramco (SE:2222) durante o fim de semana.
"Os mercados produtores já estão apertados, especialmente para os destilados médios. Os inventários na maioria das regiões estão em mínimas plurianuais, de modo que o mercado estará sensível a quaisquer possíveis interrupções na oferta do lado dos produtos", afirmara os analistas da ING, em relatório.
O último relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como OPEP+, publicado na semana passada, mostrou que alguns produtores estão enfrentando dificuldades para cumprir suas cotas de fornecimento, sendo que o grupo deve ficar mais de 1 milhão de barris por dia abaixo da sua meta de produção em fevereiro.
Pelo lado da demanda, a China continental relatou as suas primeiras mortes por Covid-19 em mais de um ano no fim de semana, com o número de dois óbitos sendo igual ao total reportado pelo país para todo o ano de 2021.
A região de Jilin, na fronteira com a Coreia do Norte e a Rússia, responde por mais de dois terços das infecções domésticas na onda mais recente. Esta área é menos importante estrategicamente que o pólo tecnológico de Shenzhen, ao sul do país, que entrou em lockdown na semana passada, mas com a China continuando a utilizar medidas rigorosas, como lockdowns curtos e direcionados, para combater o vírus, golpes adicionais sobre a demanda parecem prováveis.
A Agência Internacional de Energia esboçou formas de reduzir o uso de petróleo no final da semana passada, incluindo caronas, redução de limites de velocidade e redução do preço dos transportes públicos.
"A AIE acredita que, se as economias avançadas implementarem plenamente as medidas, a demanda por petróleo poderá cair 2,7 milhões de barris/dia dentro de um período de quatro meses", acrescentou.