Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo operavam em baixa nesta quinta-feira, continuando a queda registrada na sessão anterior, com o mercado digerindo a possibilidade de um teto de preços acima do esperado para o barril da Rússia.
Às 8h20 de Brasília, o petróleo norte-americano cedia 0,71%, a US$ 77,38 por barril, enquanto o Brent se desvalorizava 1,14%, a US$ 84,43 por barril, no mercado futuro. Ambos os contratos referenciais recuaram mais de 3% na quarta-feira, fechando em seu nível mais baixo desde o fim de setembro.
O que estava pesando sobre o mercado petrolífero era a notícia de que o G7 pretendia aplicar um teto para o petróleo da Rússia transportado por mar em US$ 65-70 por barril, acima do nível esperado quando o grupo propôs inicialmente a ideia, como forma de punir Moscou pela guerra na Ucrânia.
Os governos da União Europeia ainda não entraram em acordo e estão discutindo a proposta, mas o teto de preços nesse nível permitiria que a Rússia continuasse vendendo seu produto, reduzindo o risco de escassez de oferta nos mercados globais.
“Nesse patamar, o teto atingiria um de dois objetivos: manter os fluxos de oferta do petróleo da Rússia”, escreveram os analistas do ING em nota. “Quanto ao outro objetivo, de tentar restringir as receitas da Rússia com o produto, é possível questionar a eficiência dessa ação".
Nos EUA, a Administração de Informações Energéticas informou, na quarta-feira, que os estoques de petróleo tiveram uma queda de 3,7 milhões de barris na semana passada, mas os estoques de gasolina e destilados tiveram uma alta considerável.
“Ao se levar em conta as liberações das Reservas Estratégicas de cerca de 1,6 milhão de barris, os estoques totais nos EUA tiveram um recuo de 5,29 milhões de barris durante a semana”, explicou o ING. “Essa retirada de petróleo ocorreu apesar de as importações do produto terem crescido cerca de 1,5 milhões de barris na semana, atingindo seu nível mais alto desde o fim de julho”.
Os mercados petrolíferos caíram forte neste mês, pressionados pela alta dos casos diários de Covid na China, que foram de quase 30.000, níveis similares aos registrados em abril.
As autoridades chinesas responderam a esse aumento monitorando de forma mais intensa a disseminação do vírus, decretando bloqueios e restrições de deslocamento, o que deve afetar a atividade econômica do maior país importador de petróleo do mundo.
A Nomura Securities cortou as previsões de crescimento econômico da China neste ano de 2,9% para 2,8%, e no próximo, de 4,3% para 4%, citando uma reabertura “lenta, custosa e problemática” diante do aumento de infecções.
A atenção dos operadores também estava voltada à reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, que decidirá os níveis de produção no ano-novo.
A Opep+ se reúne em 4 de dezembro, um dia antes de a União Europeia proibir as importações de petróleo da Rússia, juntamente com um plano de teto de preços para o produto no âmbito do G7.