Por Barani Krishnan
Investing.com - O petróleo realizou um rali pelo segundo dia consecutivo na quarta-feira, após dados que apontaram uma queda acentuada nos estoques semanais de petróleo bruto dos EUA terem permitido que os touros no mercado recuperassem tudo o que perderam na sequência de vendas da segunda-feira, desencadeada por temores relacionados à variante ômicron da Covid.
Outro ponto de suporte para a commodity foram as paralisações da produção na Líbia, que forçaram o país do norte da África a declarar força maior nas exportações de petróleo bruto em dois dos seus portos.
O petróleo (WTI), referência do petróleo nos EUA, fechou em alta de US$ 1,64, ou 2,3%, a US$ 72,76 por barril. O rali de dois dias ajudou o WTI a recuperar toda a queda de 3,7% da segunda-feira.
O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, subia US$ 1,51 ou 2%, para US$ 75,47 às 16:43h, após a alta de 3,4% da terça-feira. Na segunda-feira, o Brent havia perdido 2,7%.
Os estoques de petróleo bruto dos EUA caíram 4,72 milhões de barris na semana encerrada em 17 de dezembro, afirmou a Energy Information Administration em seu Relatório Semanal sobre o Status do Petróleo. Foi o maior consumo semanal de petróleo desde setembro e somou-se à queda de 4,58 milhões de barris da semana anterior, finda em 10 de dezembro.
Os analistas do setor acompanhados pelo Investing.com previam um declínio de apenas cerca de 2,5 milhões de barris para a semana passada.
Mas as reservas de gasolina aumentaram ainda mais do que a queda registada no petróleo bruto.
Os estoques de gasolina cresceram 5,3,3 milhões de barris na semana passada, seu maior aumento desde o acúmulo de 7,5 milhões de barris durante a semana finda em 7 de junho.
Os analistas esperavam que os inventários de gasolina subissem apenas 65 mil barris na semana recém-encerrada, posicionando os dados relatados pela EIA num patamar pelo menos oito vezes mais alto do que as projeções. Na semana anterior, os estoques de gasolina haviam diminuído 719 mil barris.
O relatório da EIA também mostrou que os estoques de destilados, que são refinados em diesel e combustível de jato, entre outros produtos combustíveis, cresceram 396 mil barris na semana passada, contra uma queda projetada de 250 mil barris. Na semana anterior, os estoques de destilado haviam diminuído 2,85 milhões de barris.
Mas foi o enorme acúmulo de gasolina que levantou as sobrancelhas de alguns traders, que atribuíram o aumento à provável queda na procura por combustível no meio da disparada de casos da ômicron nas principais cidades dos EUA na semana passada.
"É realmente muito impressionante ver este acúmulo na gasolina e a queda na demanda por combustível que ela sugere para a semana passada, e como isto está relacionado ao pico de casos da ômicron", afirmou John Kilduff, sócio fundador da Again Capital, fundo de hedge energético em Nova Iorque.
A ômicron é hoje a cepa predominante da Covid nos Estados Unidos, representando mais de 73% dos novos casos de coronavírus na semana passada, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
As principais cidades dos EUA, incluindo Nova York, Los Angeles e Chicago, anunciaram cortes em massa nas atividades e implantaram várias novas restrições para lidar com a ameaça da variante. O Presidente Joe Biden também alertou para o fato de os americanos não vacinados contra o vírus enfrentarão "um inverno de doença grave e morte".
Os preços do petróleo despencaram das máximas de 2021 desde o surgimento da variante ômicron, em novembro.
O Brent caiu do seu nível mais alto em sete anos, a US$ 86,70 por barril, alcançado em meados de outubro, para uma mínima de US$ 65,80 nos últimos dois meses, antes de se estabilizar na atual faixa entre US$ 71 e US$ 75.
Apesar da queda dos preços e das ameaças de um retorno da pandemia, os produtores globais de petróleo têm minimizado até agora os riscos decorrentes da ômicron.
A OPEP+ — aliança de 23 países produtores de petróleo liderada pelos 13 membros da OPEP, sob a direção da Arábia Saudita, além de outros 10 países não membros da OPEP, capitaneados pela Rússia — diz que é improvável que a ômicron se torne tão disruptiva à demanda por energia como foi a cepa original da Covid-19 que eclodiu em 2020.