Efeito Fed: por que as ações de IA estão se destacando agora
Investing.com – Os mercados enfrentam um cenário econômico considerado “atípico” enquanto o Federal Reserve inicia um possível ciclo de reduções nos juros, de acordo com analistas do UBS.
Em relatório a clientes, a equipe liderada por Andrew Garthwaite observou que, em 56% das ocasiões em que o Fed reduziu as taxas, a economia entrou em recessão em média cinco meses depois. O histórico mostra ainda que sempre ocorreu recessão quando os cortes superaram 75 pontos-base ao longo das últimas quatro décadas.
Os analistas ressaltaram que, desta vez, não se verificam os elementos clássicos que costumam anteceder uma contração econômica, como choques de commodities, excesso de endividamento no setor privado ou bancário, ou ainda sobreinvestimento evidente.
Segundo eles, a única vez em que o Fed iniciou um ciclo de flexibilização monetária sem ser seguido por recessão foi em junho de 2002, o que reforça a singularidade do momento atual.
Na quarta-feira, o banco central norte-americano reduziu os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4% a 4,25%, e sinalizou que mais dois cortes poderão ocorrer em outubro e dezembro.
Dentro desse quadro, o UBS destacou que as ações de tecnologia historicamente se sobressaíram em 75% das vezes nos 12 meses posteriores ao primeiro corte de juros. O desempenho foi ainda mais expressivo em empresas de software, especialmente quando as taxas de curto prazo recuam mais do que as de longo prazo e a economia não entra em recessão.
As recomendações de preferência incluem a controladora do Facebook Meta Platforms (NASDAQ:META), a desenvolvedora de software Microsoft (NASDAQ:MSFT) e a gigante do e-commerce Amazon.com (NASDAQ:AMZN), além da Eaton (NYSE:ETN), especializada em gestão de energia, e da francesa Schneider Electric (EPA:SCHN).
O banco também indicou posição acima da média em ouro, lembrando que o metal apresentou valorização em todos os horizontes de 1, 3, 6 e 12 meses após o reinício de ciclos de afrouxamento monetário pelo Fed.
Os analistas ponderaram, contudo, que o risco de formação de bolha pode estar presente em segmentos como inteligência artificial generativa, eletrificação e no próprio ouro.
Além disso, os estrategistas sugeriram foco em mercados emergentes e em companhias com exposição indireta a essas regiões, como Coca-Cola (NYSE:KO), Prosus (AS:PRX), Reckitt Benckiser (LON:RKT) e Ashmore (LON:ASHM). Também recomendaram posição mais forte em bancos europeus, argumentando que, diferentemente do Fed, o Banco Central Europeu pode manter juros elevados ou até aumentá-los até o fim de 2026.