Por Barani Krishnan
Investing.com -- Os ursos levaram duas semanas para forçar uma liquidação de quase 30% no petróleo - e os touros só precisaram de três pregões para recuperar quase metade disso.
Os futuros do petróleo subiram mais de 7% nas negociações de segunda-feira em Londres e Nova Iorque, enquanto as principais nações europeias avaliavam aderir à proibição do petróleo russo decretada pelos EUA, disparando novos alarmes em torno do setor energético.
Relatos ao longo do fim de semana de que os rebeldes de Houthi, do Iêmen, desencadearam uma bateria de ataques de drones e mísseis sobre a Arábia Saudita, tendo como alvos uma central de gás natural liquefeito, uma usina de dessalinização de água, uma instalação de petróleo e uma central elétrica, aumentaram a pressão sobre o petróleo.
A sequência de três dias de cerca de 15% de alta no WTI e no Brent reduziu pela metade a queda inicial de quase 30% nas duas referências de preço desde seu recuo no dia 7 de março das máximas acima de US$ 130 por barril.
No pregão de segunda-feira, o Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, fechou em alta de US$ 7,69, ou 7,1%, a US$ 115,52. O Brent havia caído abaixo dos US$ 97 na quarta-feira, antes do início da sua retomada de três dias. Antes disso, ele havia atingido a máxima de 2008 de US$ 139,13 no dia 7 de março.
O petróleo WTI, cotado em Nova York e referência de preços nos EUA, fechou em alta de US$ 7,69, ou 7,1%, a US$ 112,12 por barril. O Petróleo WT oscilou pouco acima dos US$ 94 durante as mínimas de quarta-feira. Antes disso, ele havia atingiu US$ 130,50 no dia 7 de março.
"Relatos de que a UE está avaliando um embargo às importações russas e ... de instalações de petróleo sauditas (sendo) alvo" foram os principais motores do rali de segunda-feira, afirmou Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.
Mas Erlam também afirmou que tinha dificuldade em acreditar que o bloco da UE irá concretizar seus planos de banir o petróleo russo, na mesma linha da proibição de importação dos EUA.
"Dada a enorme dependência de determinados estados-membros em relação ao petróleo russo, eles podem concordar numa abordagem em estágios que irá cortar o petróleo russo ao longo de um período de tempo", afirmou. "Os detalhes desta questão irão determinar que tipo de reação veremos nos mercados" nos próximos dias.
Os países da União Europeia se reúnem na segunda-feira antes da chegada do Presidente dos EUA, Joe Biden, no final desta semana, para participarem numa série de cúpulas que visam endurecer a resposta do Ocidente a Moscou por sua invasão da Ucrânia.
Os EUA e o Reino Unido já anunciaram planos para abandonarem o petróleo russo, uma medida que os governos da UE têm evitado até agora, dada a sua forte dependência do petróleo e do gás da Rússia.
No entanto, as sanções atualmente em vigor para punir Moscou por sua invasão da Ucrânia não tiveram um impacto imediato, e com a intensificação do conflito, o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell,, afirmou que o bloco está pronto para discutir a inclusão da energia numa nova rodada de medidas punitivas.
Somando-se às preocupações sobre as limitações do mercado global, os ataques do grupo Houthi, do Iêmen, alinhado ao Irã, causaram uma queda temporária da produção numa refinaria da Saudi Aramco (SE:2222) durante o fim de semana.
"Os mercados produtores já estão apertados, especialmente para os destilados médios. Os inventários na maioria das regiões estão em mínimas plurianuais, de modo que o mercado estará sensível a quaisquer possíveis interrupções na oferta do lado dos produtos", afirmara os analistas da ING, em relatório.
O último relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como OPEP+, publicado na semana passada, mostrou que alguns produtores estão enfrentando dificuldades para cumprir suas cotas de fornecimento, sendo que o grupo deve ficar mais de 1 milhão de barris por dia abaixo da sua meta de produção em fevereiro
Pelo lado da demanda, a China continental relatou as suas primeiras mortes por Covid-19 em mais de um ano no fim de semana, com o número de dois óbitos sendo igual ao total reportado pelo país para todo o ano de 2021.
A região de Jilin, na fronteira com a Coreia do Norte e a Rússia, responde por mais de dois terços das infecções domésticas na onda mais recente. Esta área é menos importante estrategicamente que o pólo tecnológico de Shenzhen, ao sul do país, que entrou em lockdown na semana passada, mas com a China continuando a utilizar medidas rigorosas, como lockdowns curtos e direcionados, para combater o vírus, golpes adicionais sobre a demanda parecem prováveis.
A Agência Internacional de Energia esboçou formas de reduzir o uso de petróleo no final da semana passada, incluindo caronas, redução de limites de velocidade e redução do preço dos transportes públicos.
"A AIE acredita que, se as economias avançadas implementarem plenamente as medidas, a demanda por petróleo poderá cair 2,7 milhões de barris/dia dentro de um período de quatro meses", acrescentou.
(Com informações adicionais de Peter Nurse)