Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - A área plantada com soja no Brasil deverá crescer apenas 0,9 por cento em 2016/17 na comparação com a temporada anterior, devido a uma cautela dos agricultores em função de investimentos dificultados pela restrição de crédito e a preocupações climáticas, principalmente ligadas à possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, estimou nesta quinta-feira a consultoria INTL FCStone.
A área cultivada com a oleaginosa deverá alcançar 33,56 milhões de hectares, avanço de 315 mil hectares ante o plantio anterior.
Seguindo uma tendência de produtividade média dos últimos anos, e que representaria uma forte recuperação ante as perdas de rendimento vistas em 2015/16, a safra brasileira deverá alcançar 101,85 milhões de toneladas, ante 95,42 milhões na temporada anterior.
A previsão para a nova safra é praticamente igual à feita pela FCStone um ano atrás, com vistas a 2015/16, que acabou sendo frustrada por tempo seco e quente em muitas regiões produtoras.
"É um ano difícil para estimar a safra de verão. O fenômeno La Niña é uma das maiores preocupações", disse a coordenadora de Inteligência de Mercado da FCStone, Natália Orlovicin, em evento em São Paulo.
A especialista destacou, contudo, que os impactos do La Niña sobre as produtividades será fraco, segundo as previsões climáticas disponíveis até o momento.
Ainda assim, "as previsões mostram que as chuvas poderão atrasar no início do período do plantio e podem causar problemas a produtores que se precipitarem", disse ela.
MILHO
O plantio de milho no ciclo de verão deverá subir 7,6 por cento, ou 412 mil hectares, na comparação anual.
"Considerando o tamanho absoluto das lavouras, pode-se falar em expansão marginal da área de milho", disse Natália.
Segundo ela, não serão muitos os produtores que irão substituir o plantio de soja no verão pelo milho, atraídos pelos elevados preços do cereal.
"Para o produtor continua sendo mais rentável produzir soja. O custo de produção está estável para milho e soja, e isso dá vantagem para a soja", que também tem um mercado aquecido pelos bons preços domésticos, segundo a analista.
A colheita de milho no verão no país deverá alcançar 29 milhões de toneladas, ante 25,88 milhões em 2015/16.
Seguindo linhas de tendência, a previsão da FCStone é que a safra total do Brasil em 2016/17 deverá alcançar 85 milhões de toneladas do cereal, ante 68,5 milhões de toneladas em 2015/16, quando a segunda colheita foi abalada por chuvas irregulares.
(Por Gustavo Bonato)