Por Geoffrey Smith
Investing.com - Os preços do ouro atingiram seus níveis mais altos em oito anos na segunda-feira (9) em uma nova corrida de pânico em direção a portos-seguro que também fez com que o rendimento dos títulos dos Estados Unidos e da Europa atingissem mínimas históricas.
No entanto, após ultrapassar brevemente o nível de US$ 1.700, o preço do metal amarelo recuou com mercados de ações dos EUA se recuperarem um pouco após o circuit breaker - mecanismo que interrompe as negociações para conter volatilidade - ser acionado.
Às 15h35 (horário de Brasília), os futuros do ouro para entrega na Comex estavam em US$ 1677,50 por onça troy, alta de menos de 0,3% no dia. O ouro spot estava estável, com uma leve alta de 0,09% a US$ 1676,17.
Além disso, os futuros da prata caíram 1,45%, para US$ 17,01, enquanto a platina caiu 3,81%, para US$ 862,25. Os futuros do cobre, ameaçadoramente, caíram para menos de US$ 2,50 por libra, seu menor valor desde dezembro de 2016. Mais tarde, se recuperaram para US$ 2,49, queda de 2,6% no dia.
Novamente, houve relatos de alguns holders sendo forçados a liquidar ouro para atender a chamadas de margens em outras posições de seus portfólios.
Se o padrão do mês passado se repetir, é provável que cause apenas uma retração temporária nos preços do ouro, dada a atração sem paralelos em momentos de pavor extremo no mercado de um ativo que não é responsabilidade de mais ninguém. De acordo com dados compilados pela Bloomberg, o dinheiro voou para ETFs apoiados em ouro na semana passada em uma taxa não vista desde setembro, comprando um valor líquido de 1,2 milhão de onças.
Com os investidores descontando flexibilização ainda mais agressiva por bancos centrais, com ativos de risco sendo liquidados na Ásia, na Europa e nos EUA, e com ainda mais títulos do governo oferecendo rendimentos nominais reais e até negativos (o rendimento a 2 anos do Reino Unido caiu para menos de zero pela primeira vez na segunda-feira), ativos sob gestão em ETFs lastreados em ouro estão agora em níveis recordes.
As expectativas de que os bancos centrais irão afrouxar ainda mais a política monetária para apoiar a economia global se fortaleceram ainda mais depois que a Arábia Saudita e a Rússia dissolveram sua aliança de quatro anos para apoiar os preços do petróleo. A commodity caiu mais de 30% ao longo da noite e, mesmo que se estabilize um pouco mais alto, o colapso nos preços só pode criar um choque desinflacionário ainda mais profundo que irá aumentar a pressão sobre os bancos centrais para afrouxamento.
O conselho de governo do Banco Central Europeu deve se reunir essa semana, contra um plano de fundo de criticismo por ter oferecido apenas garantias mornas de ação. Com sua taxa de depósito já em -0,5% e compra de títulos já correndo em 20 bilhões de euros por mês, alguns dizem que o Banco já está sem munição.
No entanto, o economista chefe da zona do euro do ING Carsten Brzeski argumentou em uma nota de pesquisa na segunda-feira que “fazer nada já não é uma opção” para o banco. Ele disse que o anúncio de uma nova operação de refinanciamento direcionada e ajustes das regras colaterais do banco (visando manter as empresas viáveis à tona) são possíveis, assim como cortes de 10 pontos-base na taxa de depósito e um aumento modesto na compra de títulos.