(Reuters) -A produção de açúcar do centro-sul do Brasil somou 2,11 milhões de toneladas na segunda quinzena de outubro, informou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) nesta quinta-feira, o que representou um aumento de 145,43% na comparação anual, com mais unidades em operação na comparação com a safra passada, que terminou mais cedo para muitas usinas por causa da seca.
Considerando-se o acumulado desde o início da safra 2022/2023, a fabricação do adoçante totaliza 30,28 milhões de toneladas, volume 3,07% menor que o registrado no mesmo período do ciclo anterior, já que a safra atual ainda tem um atraso e com um tempo mais chuvoso limitando a moagem.
O processamento de cana na segunda quinzena de outubro na região centro-sul atingiu 31,52 milhões de toneladas, um salto de 84,98%, enquanto no acumulado da safra a moagem totaliza 490,22 milhões de toneladas, queda de 2,87%.
"O significativo aumento registrado na quinzena tem forte relação com o encerramento precoce das unidades produtoras na safra anterior por conta da estiagem que prejudicou severamente o desenvolvimento da planta", disse a Unica, em relatório.
A associação observou que até o dia 1º de novembro 208 unidades estavam em operação no centro-sul frente a 128 na safra 2021/2022. Para a primeira quinzena de novembro está previsto o encerramento de mais 73 unidades produtoras.
Conforme registrado nas últimas quinzenas, a operacionalização da colheita foi prejudicada devido a um regime de chuvas mais fortes em algumas regiões produtoras de cana, interferindo diretamente no cronograma de encerramento das unidades produtoras, por tornar incerta a continuidade da atividade agrícola, em função da falta de viabilidade operacional da colheita.
A Unica ponderou que, apesar do efeito adverso na moagem, "a alta na pluviosidade tem favorecido o desenvolvimento da planta para o próximo ciclo agrícola".
ETANOL
Na segunda quinzena de outubro, o setor produziu 1,59 bilhão de litros de etanol, alta de 48,94% ante o mesmo período do ano passado, com o hidratado somando 797,3 milhões de litros (+47,23%) e o anidro 794,2 milhões de litros (+50,69%).
No acumulado do atual ciclo agrícola, a fabricação de álcool atingiu 24,45 bilhões de litros (-2,70%).
As vendas de etanol por usinas do centro-sul totalizaram 2,52 bilhões de litros em outubro, um crescimento de 16,6% ante o mesmo período da safra passada.
O resultado foi puxado principalmente pelo anidro (misturado à gasolina), cujas vendas para o mercado interno cresceram 11,75% em outubro na comparação anual. O biocombustível é adicionado à gasolina na proporção de 27%.
Já a comercialização doméstica de etanol hidratado, que vem perdendo espaço para a gasolina em função da redução tributária em vigor desde junho, avançou menos, 3,52% em relação a outubro passado.
Desde o início da safra 2022/2023, as unidades produtoras comercializaram 17,40 bilhões de litros de etanol, o que representa um avanço de 2,63% em relação ao mesmo período da safra anterior. Desse volume, o etanol hidratado totalizou 10,15 bilhões de litros (-4,18%) e o anidro 7,25 bilhões de litros (+13,97%).
As exportações de etanol, somando-se anidro e hidratado, totalizaram 271,93 milhões de litros no mês de outubro, volume 322% que o do mesmo período da safra anterior. No acumulado da safra, o avanço é de 51,72%.
Nesta semana, a São Martinho (BVMF:SMTO3) indicou bons negócios de exportação de etanol, com impulso de problemas na oferta na Europa e também por bons prêmios pagos pelo biocombustível certificado pelo selo Bonsucro.
(Por Rafaella Barros e Roberto Samora)