SÃO PAULO (Reuters) - As condições climáticas no Rio Grande do Sul na última semana favoreceram a intensificação da semeadura das lavouras de inverno, especialmente de trigo, afirmou a Emater em boletim nesta quinta-feira.
"Anteriormente, essa atividade havia sido represada devido à concentração dos produtores na conclusão da safra de verão e às condições ambientais adversas (chuvas e excesso de umidade no solo)...", notou a empresa de assistência técnica ligada ao governo local.
"Durante o período, houve intensa movimentação de tratores e máquinas semeadoras, visando ampliar a extensão cultivada, considerada em atraso", acrescentou a Emater, citando que nas áreas já semeadas há boa evolução.
A Emater afirmou que está realizando o levantamento de intenção de plantio para a safra 2024, que deverá ser apresentado nas próximas semanas. "Preliminarmente, a tendência observada é de pequena redução, comparativamente à safra anterior. A redução da área de plantio se justifica pelos baixos preços do cereal e pela frustração de produtividade na última safra", disse.
MENOS ARROZ
A Emater notou ainda que a colheita de arroz foi finalizada no Estado e apontou uma produtividade média 9% abaixo da prevista inicialmente, para 7.600 kg/hectare.
A projeção está abaixo da divulgada nesta quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento, de uma produtividade para a safra gaúcha de 7.865 kg/ha.
Considerando a área semeada no Rio Grande do Sul, de cerca de 900 mil hectares, a produtividade média estimada pela Emater indica que a safra deverá cair para 6,84 milhões de toneladas, inferior aos 7 milhões previstos pela Conab.
Com isso, a safra do Rio Grande do Sul, principal Estado produtor de arroz do país, respondendo normalmente por cerca de 70% do total, poderia cair ante a temporada passada (6,9 milhões de toneladas, segundo a Conab).
Anteriormente, a Emater havia apontado perdas pelas enchentes de 2,71 milhões de toneladas de soja, o que levou a estimativa de colheita da oleaginosa no Estado para 19,53 milhões de toneladas, ante 22,24 milhões de toneladas do recorde estimado em março.
Os prejuízos nos campos em função das chuvas só não foram maiores porque grande parte das lavouras de soja, milho e arroz já tinham sido colhidas.
Segundo a Emater, o Estado colheu 98% da soja gaúcha até esta semana, avanço de dois pontos ante quinta-feira passada. No ano passado, produtores já tinham finalizado os trabalhos, atrasados em 2024 por conta das enchentes.
Para os próximos dias, uma frente fria ficará semi-estacionária no Rio Grande do Sul traz chuvas fortes, segundo nota do Ministério da Agricultura.
De acordo com a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os acumulados de chuva entre o fim da sexta-feira (14) até a quarta-feira (19) variam entre 80 milímetros e 150 mm no Estado gaúcho, podendo superar os 200 mm em algumas áreas.
"Ao longo da próxima semana, a instabilidade deve persistir, o que pode aumentar os volumes totais de chuva. Essa condição poderá ocasionar novos transtornos em relações a cheia dos rios que devem se manter monitorados", disse o ministério.
(Por Roberto Samora)