Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os preços do trigo operavam em queda nesta quinta-feira, após a Ucrânia e a Turquia confirmarem que o acordo que garante a segurança das exportações de grãos e fertilizantes da Ucrânia seria prorrogado por 120 dias.
Às 9h de Brasília, o contrato futuro do trigo nos EUA, com vencimento mais próximo, registrava queda de 1,96%, a US$ 801,00 por bushel, após atingir seu nível mais baixo em dois meses e meio. Já o milho futuro registrava queda de 1,2%, a US$ 6,56 por bushel.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que intermediou o acordo original com o auxílio das Nações Unidas, anunciou, via redes sociais, que “o acordo sobre o corredor no Mar Negro deverá ser estendido a partir de 19 de novembro por 120 dias”, corroborando anúncios realizados mais cedo por Kiev.
O ministro de relações exteriores da Rússia também confirmou à agência de notícias TASS que “não havia a intenção de romper o acordo”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou as tratativas, dizendo que "a iniciativa demonstra a importância da diplomacia discreta na busca de soluções multilaterais".
A prorrogação do acordo traz um grande alívio para os mercados mundiais de alimentos, que reagiram mal à eclosão da guerra na Ucrânia, responsável por interromper a oferta de dois dos mais importantes exportadores de grãos do mundo. O acordo permitiu que a Ucrânia exportasse mais de 11 milhões de toneladas de alimentos desde que foi firmado em meados do ano, aliviando uma iminente crise alimentar em alguns dos países mais pobres do mundo.
A notícia já era esperada, mas os preços ainda incorporavam o risco de o acordo ser abandonado, diante de declarações russas ambíguas nos últimos dias e em meio ao nervosismo gerado pela explosão de um míssil em território polonês na terça-feira, que brevemente ameaçou uma escalada da guerra.
A Rússia insistiu que houvesse novas garantias de que suas exportações de amônia – importante insumo para fertilizantes à base de nitrato – não fossem sancionadas como pré-condição para prorrogar o acordo. No entanto, tudo indica que aceitou a extensão, mesmo sem tais garantias. A Reuters informou que a questão envolvendo as exportações russas de amônia ainda estava em discussão. Antes da guerra, a Rússia exportou mais de dois milhões de toneladas de amônia por ano através de tubulações que se estendem de Togliatti, no Volga, até o porto ucraniano de Odessa.
Agências de notícias relataram que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deseja que a Rússia se comprometa com um intercâmbio abrangente de prisioneiros antes de receber o sinal verde para suas exportações de amônia.