SÃO PAULO (Reuters) -Os distribuidores de aços planos do Brasil tiveram alta de vendas em maio, mas o setor responsável por cerca de um terço do consumo de aço das siderúrgicas do país está cauteloso sobre elevação de estoques, principalmente em um momento de incertezas e de volatilidade cambial.
As vendas do setor subiram 3,l% em maio ante abril e caíram 2,6% em relação a maio de 2021, para 312 mil toneladas, segundo números divulgados nesta terça-feira pela entidade que representa os distribuidores, Inda.
A expectativa para junho é que as vendas recuem 5% ante maio e que as compras de aço pelos comerciantes do setor caiam 10%, afirmou o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas.
Segundo ele, o ambiente de cautela, refletindo também a queda nos preços internacionais do aço, tem forçado as usinas a reverem parte dos aumentos de preços da liga anunciados no Brasil em meses anteriores.
"Com o mercado abastecido e preços em tendência de queda, todo mundo (distribuidores) se retém nas compras...A rede de distribuição está com estoques para 2,5 meses de vendas e isso é um número baixo", disse Loureiro. Na comparação com abril, os estoques de maio subiram 7,6%, atingindo 776,4 mil toneladas.
"Dificilmente vamos ter aumentos de preços de aço das usinas nos próximos meses", afirmou, citando que há ainda cerca de 200 mil toneladas de aço importado estocado só no porto de São Francisco do Sul (SC). No início do ano, o volume estava próximo de 400 mil toneladas, disse o executivo. "Olhando os 'line-ups' dos navios, há alguns ainda esperando espaço para descarregar."
Segundo os dados da entidade, o porto de São Francisco do Sul foi responsável por 61% das importações de aço plano pelo Brasil em maio e por 58% nos cinco primeiros meses do ano.
Para os próximos meses, as expectativas sobre consumo de aço no país serão mediadas pelo cenário eleitoral, segundo o Inda. Apesar disso, como o segundo semestre do ano passado foi mais fraco do que o primeiro, o Inda espera certa recuperação no período neste ano por questão estatística.
"Na comparação vai dar possibilidade de fechar o ano em alta de um dígito baixo", disse Loureiro, referindo-se à expectativa do Aço Brasil, entidade que representa as siderúrgicas, de alta cerca de 2% no consumo aparente.
De janeiro a maio, o consumo aparente de aço, que mede vendas internas da liga produzida no país, mais importações, mostra queda de 15%.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição Aluísio Alves)