Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil superou pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19 a marca sombria de 3 mil óbitos pela doença registrados em um único dia, com um recorde de 3.251 mortes notificadas no período de 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde nesta terça-feira.
O número desta terça supera o recorde anterior de mortes, registrado em 16 de março, quando haviam sido reportados 2.841 óbitos. Com isso, o total de vítimas fatais da doença no país atingiu 298.676.
Além disso, o Brasil ainda registrou 82.493 novos casos de coronavírus, com o total de infecções confirmadas no país avançando para 12.130.019.
As médias móveis de 14 dias também renovaram recordes no país, de acordo com os dados do ministério: para novos casos, o índice atingiu 71.970, enquanto a cifra referente aos óbitos saltou para 2.160.
Um levantamento da Reuters indica que atualmente o Brasil lidera o mundo nos números diários tanto de novas infecções quanto de mortes, sendo responsável por uma em cada sete contaminações e por um em cada quatro óbitos notificados em todo o mundo a cada dia.
Em valores totais, o país só registrou menos casos e mortes do que os Estados Unidos.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) destacou nesta terça-feira que o Brasil passa por uma "terrível situação" na pandemia.
Carissa Etienne, diretora-geral da Opas, afirmou que o coronavírus continua se espalhando "perigosamente" pelo Brasil e que a crise local também afeta os países vizinhos.
Também nesta terça, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforçou pedido por medidas de contenção, recomendando a restrição de atividades não essenciais por cerca de 14 dias, para que a transmissão seja reduzida em cerca de 40%, e o uso obrigatório de máscaras por pelo menos 80% da população.
"Desde o início do mês de março, o país assiste a um quadro que denota o colapso do sistema de saúde no Brasil... Este colapso não foi produzido em março de 2021, mas ao longo de vários meses, refletindo os modos de organização para o enfrentamento da pandemia", disse a Fiocruz em boletim técnico.
A fundação indicou ainda que 25 das 27 unidades federativas estão na zona crítica de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para Covid-19, que ocorre quando o índice supera os 80%. Apenas Amazonas e Roraima ficam abaixo desse limiar.
Estado mais afetado pela Covid-19 em números absolutos, São Paulo atingiu as marcas de 2.332.043 casos e 68.623 mortes, com um recorde diário de 1.021 óbitos. A taxa de ocupação de UTIs nos hospitais paulistas alcança 91,9%.
Conforme os números do Ministério da Saúde, Minas Gerais é o segundo Estado com maior número de infecções pelo coronavírus registradas, com 1.040.198 casos, mas o Rio de Janeiro é o segundo com mais óbitos contabilizados, com 35.331 mortes.
O governo ainda reporta 10.601.658 pessoas recuperadas da Covid-19 e 1.229.685 pacientes em acompanhamento.