Por Antoni Slodkowski e Tetsushi Kajimoto
TÓQUIO (Reuters) - O primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, surpreendeu nesta sexta-feira ao dizer que deixará o cargo, preparando o terreno para um novo premiê após um governo de um ano manchado por uma reação impopular à Covid-19 e um apoio público declinante.
Suga, que assumiu depois que Shinzo Abe renunciou em setembro passado mencionando problemas de saúde, viu sua taxa de aprovação cair para menos de 30% no momento em que o país enfrenta sua pior onda de infecções de Covid-19 antes de uma eleição geral.
Ele não capitalizou seu último grande feito: sediar a Olimpíada, que foi adiada meses antes de ele tomar posse em meio a uma disparada de casos de coronavírus.
Sua decisão de não disputar a reeleição à liderança do Partido Liberal Democrata (PLD) neste mês significa que a sigla escolherá um novo líder, que por sua vez se tornará primeiro-ministro.
Não existe um franco favorito, mas o popular ministro a cargo da vacinação contra a Covid, Taro Kono, pretende concorrer, disse a emissora TBS nesta sexta-feira, sem citar fontes. O ex-ministro das Relações Exteriores, Fumio Kishida também entrou no páreo.
Shigeru Ishiba, ex-ministro da Defesa também popular, disse que está pronto para concorrer se as condições e o clima forem propícios. Ele foi um crítico raro de Abe no PLD durante o tempo do ex-premiê no cargo.
Antes do governo recorde de oito anos de Abe, o país teve seis premiês em igual número de anos, incluindo o primeiro mandato turbulento do próprio Abe.
As ações na bolsa de valores de Tóquio saltaram com a notícia da decisão de Suga. Referência, o índice Nikkei subiu 2%, e o mais abrangente Topix alcançou seus níveis mais elevados desde 1991.
"Quero me concentrar na reação ao coronavírus, então disse na reunião da executiva do PLD que decidi não concorrer na disputa pela liderança do partido", disse Suga aos repórteres. "Julguei que não posso lidar com ambos e que deveria me concentrar em um deles."
Ele disse que realizará uma coletiva de imprensa já na próxima semana.
O anúncio súbito de Suga encerrou uma semana tumultuada durante a qual ele fez de tudo para se manter no cargo, inclusive insinuar que demitiria seu aliado partidário de longa data e delinear planos para dissolver o Parlamento e reformar a executiva do partido e seu gabinete. Acredita-se que ele permanecerá no posto até seu sucessor ser escolhido na eleição partidária marcada para 29 de setembro. O vencedor, que se tornará premiê graças à maioria da sigla na câmara baixa do Parlamento, precisa marcar a eleição geral até 28 de novembro.
(Da redação de Tóquio)