Investing.com - A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) autorizou na quarta-feira, 10, o primeiro ETF (fundo com cotas negociadas em bolsa) de bitcoin, que possibilita aos investidores aplicar na criptomoeda sem precisar comprá-la diretamente.
A decisão, que pode ter impactos significativos para o setor de criptoativos como um todo, autorizou pedidos de diversos emissores, entre eles BlackRock (NYSE:NYSE:BLK) e Fidelity, além da Grayscale, gestora de ativos em moeda digital.
O veredito teve o apoio do presidente da comissão, Gary Gensler, e representou uma mudança de postura de um órgão que, na maior parte da última década, tem sido resistente em aprovar um ETF de bitcoin à vista.
A decisão aconteceu também depois que hackers invadiram temporariamente a conta da SEC na rede social X, alegando falsamente que o regulador já havia aprovado os pedidos, causando oscilações expressivas no preço do bitcoin.
"A SEC ressaltou que não endossa esse tipo de investimento, pois vê o bitcoin como 'um ativo especulativo e volátil que também é usado para atividades ilícitas que envolvem lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e financiamento ao terrorismo', e que sua aprovação foi fruto da pressão exercida pela justiça", afirmam na Link Securities.
"A reação do bitcoin à notícia foi quase nula, provavelmente porque o mercado já esperava por isso", complementam esses especialistas.
Críticos alertaram que os ETFs poderiam incentivar investidores comuns a aplicar dinheiro em um segmento que tem sido marcado por diversos casos de fraudes e alta volatilidade.
Ontem, o bitcoin teve uma alta de apenas 1%, e hoje está cotado em cerca de 46.000 dólares. O que realmente teve uma valorização expressiva foi o ethereum, que hoje está sendo negociado a 2.500 dólares.
"Os interesses dos grandes players estão causando liquidações de posições compradas e vendidas", alertou ontem Diego Morín, analista da IG, antes do anúncio da SEC.
Segundo Morín, "grandes fundos de investimento como BlackRock, Grayscale, Invesco ou Fidelity têm muito interesse em 'dominar' um mercado que será relevante na próxima década".
Manuel Villegas, Analista de Ativos Digitais da Julius Baer (SIX:BAER), avisa que, no futuro, "os investidores devem se preparar para uma 'guerra de comissões', como mostram os recentes cortes nas taxas por parte de vários gestores de ativos. Elas variam desde 1,5% da proposta da Grayscale até 0% para os primeiros seis meses ou 1.000 milhões de dólares, e depois 0,25% para a ARK. Essa faixa de comissões é bem inferior à de outros produtos disponíveis no resto do mundo. Por isso, os gestores de ativos estão apostando alto nas comissões para conquistar a maior parte do mercado no menor tempo possível, uma vez que as comissões são uma das poucas diferenças significativas na estruturação dos produtos".
A decisão da SEC deve levar à conversão do Grayscale Bitcoin Trust, que possui cerca de 29.000 milhões de dólares em criptomoeda, em um ETF, bem como ao lançamento de fundos concorrentes de emissores tradicionais como iShares e Fidelity da BlackRock (NYSE:BLK). Os primeiros fundos estão prontos para começar a ser negociados nesta quinta-feira, de acordo com a CNBC.
"A aprovação pode ser um marco na adoção da criptomoeda pelo setor financeiro tradicional, já que a estrutura do ETF oferece a instituições e consultores financeiros uma forma familiar e regulada de obter exposição ao bitcoin", declara esse veículo.