O Bitcoin quebrou recordes de preço e adoção institucional em 2020. Ainda assim, muitos gestores desqualificam a criptomoeda como um bom investimento.
É o caso de Luiz Alves Jr, sócio do fundo de investimentos Versa. No final de semana que o Bitcoin encostava nos R$ 140 mil, Alves disse que o investimento na criptomoeda estimula a “deseducação financeira”.
A valorização hiperbólica do Bitcoin causa uma bruta deseducação financeira, e vai terminar com gente se jogando da janela. Capital que poderia ser investido em ativos produtivos, que garantiria dividendos para futuras gerações, vai terminar na vala comum da especulação. É triste— Luiz (@luizfalvesjr) December 26, 2020
De fato, o Bitcoin não gera renda, tampouco paga dividendos. E muitos investidores ainda utilizam esses argumentos para criticar o investimento nele.
O próprio gestor fez uma comparação nesse sentido. Ele foi perguntado se o investimento na Tesla (NASDAQ:TSLA); (SA:TSLA34) não geraria o mesmo efeito. A empresa teve uma forte valorização em 2020 e tem sido chamada de “bolha” por muitos investidores.
No entanto, Alves descartou a comparação. Para ele, a Tesla é uma “tecnologia com produtos inovadores” e que “pagará dividendos no futuro”.
A valorização da Tesla parece excessiva, mas é uma empresa com tecnologia e produtos inovadores, que tem receita, Ebitda, lucro e, um dia, vai pagar dividendos.— Luiz (@luizfalvesjr) December 26, 2020
Usuários comparam rendimento do Versa ao Bitcoin
Imediatamente, alguns usuários começaram a criticar a postura do gestor. Alguns compararam o desempenho dos fundos Versa com o do Bitcoin.
Um dos fundos da gestora, o Versa Long Biased FIM, tem como política a exposição ao mercado de ações no longo prazo. Eis o desempenho acumulado do fundo em vários prazos.
A título de comparação, o preço do Bitcoin já se valorizou 186% nos últimos seis meses. Ou seja, uma valorização seis vezes maior que a do Versa.
Uma das respostas ao tuíte de Alves foi puxada pela Paradigma Education, empresa de educação e relatórios focadas em criptoativos. A empresa escreveu uma letra “H” em resposta ao gestor.
H— Paradigma Education (@ParadigmaEdu) December 26, 2020
Em seguida, outros usuários começaram a completar as respostas até formar a frase “having fun staying poor” (divirta-se ficando pobre, em tradução livre).
A frase é um lema do mercado de criptomoedas, fazendo alusão ao empobrecimento via inflação das moedas fiduciárias.
Gestores ainda resistem ao Bitcoin
Mesmo com grandes empresas e fundos investindo em Bitcoin, ele ainda encontra forte resistência de muitos gestores. Para Marcelo Miranda, CEO da Finchain, controladora da exchange FlowBTC, muitos deles ainda enxergam o Bitcoin como “moda”.
“Para os gestores de ativos tradicionais no Brasil, as criptos ainda são um modismo que vem e vai a cada ciclo de alta”, disse.
A mudança dessa ideia passa, segundo ele, por uma mudança na visão do Bitcoin. E isso deve ocorrer principalmente a nível local, facilitando as negociações no mercado brasileiro.
“Poucos gestores enxergam as criptomoedas como uma classe de ativos que vai fazer parte da sua gama de produtos em um futuro próximo. Para isso mudar precisamos primeiro que a regulação faça sentido e principalmente que fundos possam comprar criptomoedas diretamente em exchanges brasileiras”, opinou Miranda.