A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos acontece de forma cada vez mais intensa, desde que Trump assumiu a Casa Branca.
Assim, após afirmar que as “guerras comerciais são fáceis de se vencer”, Trump lançou uma ofensiva contra a China. O país oriental, por sua vez, revida com o aumento nas taxas de vários produtos e materiais norte-americanos.
Vale lembrar que 2020 é ano de reeleição presidencial, nos Estados Unidos. Por isso, Trump está acirrando a disputa com os chineses.
Entretanto, um fator inusitado pode influenciar de maneira decisiva na briga: a regulamentação das criptomoedas.
Ao menos, é o que pensa a Ripple, fundadora do XRP, que é o terceiro criptoativo mais valioso do mundo.
Ripple critica a abordagem da SEC em relação aos criptoativos
A Ripple é uma empresa de criptoativos que possui uma boa relação com as instituições tradicionais do mercado.
Por esse motivo, o XRP é muito utilizado em projetos de integração das criptomoedas com soluções de pagamento, como os cartões de crédito e plataformas digitais.
Entretanto, para a Ripple, os Estados Unidos estão ficando para trás, em relação à regulamentação dos criptoativos. Para eles, o sistema financeiro americano ainda vê os criptoativos com maus olhos.
O principal problema, segundo a Ripple, está na SEC (Securities and Exchange Commission). A SEC faz um trabalho similar ao da CVM, no Brasil, ou seja: regulamenta os ativos mobiliários, nos EUA.
Nos EUA, a SEC eximiu apenas o Bitcoin e o Ethereum de serem considerados oficialmente como valores mobiliários (securities). Assim, a gestão desses ativos é isenta de regulação, ao contrário do que ocorre com as ações, por exemplo.
No entanto, todos os outros criptoativos ficam à mercê da SEC.
Logo, a falta de um posicionamento oficial gera insegurança para as empresas que operam as altcoins e outros criptoativos.
Criptomoedas têm um poder decisivo em guerra comercial
Na linha do pensamento anterior, a Ripple destaca que a China tem uma visão diferente sobre as criptomoedas, na comparação com os EUA.
Na China, o governo subsidia energia. Isso permite que os pools de mineração de BTC e ETH sejam localizados, por lá.
Assim, a China “controla” a emissão de BTC e ETH no mundo, mesmo que de forma indireta.
Isso não é uma boa notícia, já o governo chinês tem uma abordagem controladora do mercado. No território chinês, os pagamentos digitais são operados por poucas empresas.
Além do mais, a China está lançando a sua própria stablecoin, lastreada pelo Banco Central.
A conclusão do raciocínio da Ripple é a seguinte: a China está tentando destruir o dólar como a moeda de reserva global.
Caso isso se confirme, um sistema financeiro global controlado pelos chineses pode ser catastrófico, de acordo com a empresa.
Para a Ripple, o controle chinês do sistema financeiro pode significar a implementação de um “score social”. Nele, os inimigos do Estado poderão ter as suas transações bloqueadas.
Outro problema seria a evasão de divisas para fora da jurisdição americana, que é mais restritiva nas questões relacionadas à lavagem de dinheiro.
Finalmente, é possível afirmar que a Ripple tem interesse direto em “patrocinar” a aventura do governo americano com as criptomoedas.
Assim, é necessário ter cautela com o posicionamento da empresa, embora alguns dos seus temores sejam embasados na realidade.