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O Bitcoin, o ouro da era digital, foi de longe o melhor ativo da década, com uma valorização parabólica que mostra a força da sua tecnologia. Agora, uma nova previsão conhecida como ‘Superciclo do Bitcoin’ começa a crescer, entenda o que isso significa.
Dan Held, chefe de crescimento da Kraken, uma das maiores exchanges dos Estados Unidos, foi o primeiro a cunhar a ideia, que coloca o Bitcoin a US$1 milhão ainda neste atual ciclo de alta do mercado.
A maioria dos modelos de previsão de preço do BTC costumam ser bem otimistas em relação ao crescimento do criptoativo. O Stock-to-Flow (S2F), o modelo mais conhecido para previsão do Bitcoin, coloca o ativo acima dos US$100.000 nesse atual ciclo do mercado.
Parece bastante otimista, e realmente é. Porém, existem fatores que o S2F, originalmente utilizado para precificação de commodities, como ouro e prata, não contempla. São eles o fator institucional e a impressão descontrolada de dinheiro.
O ano de 2020 foi definitivamente um ano atípico. No ano passado, vimos os bancos centrais ao redor do mundo pisarem fundo no acelerador da impressão de dinheiro. Somente nos EUA, o agregado monetário (M1) cresceu mais de 4x em um ano.
Como consequência, estamos vendo todos os mercados se inflarem. Commodities, eletrônicos, mercado de ações e, claro, o Bitcoin e demais criptoativos apresentaram altas substanciais nos últimos meses.
Todo esse excedente de liquidez injetada pelos governos inevitavelmente será alocado em mercados que terão seus preços inflados.
Por outro lado, a velocidade do dinheiro, métrica que mede a velocidade das trocas de bens e serviços em uma sociedade, se encontra nas mínimas históricas. Isso pode ser atribuído ao ainda presente sentimento de crise, que tende a fazer com que as pessoas poupem mais.
Quando essa métrica voltar a se elevar, a inflação proveniente de décadas de injeção de dinheiro na economia pode elevar fortemente o preço de todos os bens e serviços.
Esse atual ciclo de alta foi impulsionado por um fator novo para a cripto-economia. As altas anteriores do BTC foram alavancadas por pequenos investidores de varejo que depositaram sua confiança em um ativo emergente.
Pela primeira vez na história, estamos vendo investimentos institucionais provenientes dos mercados globais, que movimentam trilhões anualmente, se posicionarem no Bitcoin como uma reserva de valor.
E este fator certamente foi impulsionado pela desvalorização da moeda pelos bancos centrais no ano passado. Veja as falas de Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, empresa que realizou a compra de mais de 90 mil btc:
“Bem, felizmente, amamos o negócio de business intelligence empresarial e queremos estar nele, mas não queremos descapitalizar a empresa reduzindo nossa tesouraria a zero e não queremos permitir que nossa tesouraria seja degradada em 10-20% ao ano. Então temos que fazer algo.
Acho que, à medida que os investidores começam a entender a história do Bitcoin, eles vão migrar seu capital na rede BTC, e isso vai criar um ciclo virtuoso de adoção seguido de apreciação de preço seguida de acréscimo de valor seguido de integração de tecnologia de empresas como Square (NYSE:SQ) e PayPal. Em breve poderá ser a Apple (NASDAQ:AAPL) e o Google (NASDAQ:GOOGL). Isso vai gerar mais adoção.”
Segundo Saylor, mais de 1000 empresas ao redor do mundo adicionaram Bitcoin como reserva de valor ano passado e muitas outras estão cogitando em adicionar o criptoativo às suas reservas como proteção contra a inflação.
Contudo, estamos apenas no início da adoção institucional, visto que das empresas listadas no SP&500, apenas a Tesla (NASDAQ:TSLA) adotou a estratégia.
Por conta desses fatores, essa subida de preço do BTC se parece muito mais com a alta acentuada de 2013 do que a de 2017.
Rumo ao US$1 milhão?
Dan Held está confiante de que esse cenário pode de fato acontecer:
“O que acontece quando a propriedade do Bitcoin passa de 0,01% do mundo para 1%? O que acontece quando parte dos US$ 100 trilhões administrados por instituições fluem para o Bitcoin para preservar a riqueza?
Certamente não vai de US$20.000 para US$100.000. Ele poderia passar de US$20.000 para US$1 milhão e, depois, apenas ter ciclos menores. Este pode ser um dos grandes ciclos finais. ”
O cenário é altamente otimista, porém não deve ser descartado, visto que trilhões em energia monetária estão procurando maneiras de não terem seu capital lapidado pela inflação.